Durante o inverno, é comum o aumento do número de casos de doenças respiratórias. Crianças, idosos, portadores de doenças pulmonares, cardiopatas e imunocomprometidos são os mais afetados.
O inverno começa oficialmente na segunda quinzena de junho (em 20/6), mas as baixas temperaturas e o tempo seco chegam mais cedo. O clima frio e com menos umidade costuma ser sentido já em maio e, normalmente, se estende até o mês de agosto. Essas duas características desta época do ano são alguns dos fatores principais para o surgimento ou o agravamento das doenças respiratórias, muito recorrentes neste período.
O risco das doenças respiratórias
De acordo com o Datasus, é comum que o número de casos de doenças respiratórias aumente entre os meses de maio e agosto, quando as temperaturas estão mais baixas. Estima-se que mais de 50 milhões de pessoas tenham que lidar com enfermidades do tipo no Brasil.
Embora toda a população sofra com os efeitos deste período, os idosos fazem parte de um grupo ainda mais delicado, já que estão mais propensos ao surgimento ou mesmo à piora do quadro de doenças respiratórias. De modo geral, essas estão associadas à maior prevalência de problemas crônicos, como os cardíacos, os diabéticos e aqueles acometidos por enfisema pulmonar e por bronquite.
As crianças também fazem parte do grupo de risco, principalmente até os quatro anos de idade, já que nessa fase o sistema imunológico dos pequenos ainda está em desenvolvimento.
Por que a transmissão aumenta no inverno?
Vários fatores são responsáveis pelo aumento da incidência de casos de doenças respiratórias nesta época do ano. Veja alguns dos motivos para o crescimento da transmissão no período:
- Infecções virais mais frequentes.
- Aumento da poluição ambiental.
- Constantes e bruscas mudanças na temperatura.
Aumento da transmissão dos vírus
Durante o período de frio, os vírus respiratórios como o influenza (responsável pela gripe), o vírus sincicial respiratório (principal agente das bronquiolites) e o rinovírus (um dos vírus causadores do resfriado comum) conseguem sobreviver por mais tempo e ficam ainda mais transmissíveis.
Os mecanismos de defesa naturais do sistema respiratório ficam menos eficientes em razão dos efeitos causados pelas baixas temperaturas e pelo clima seco. O muco, que é produzido pelo organismo para proteger as vias aéreas, tem sua produção reduzida, e assim o transporte pelos tubos é dificultado.
A temperatura média do corpo humano é de 37 graus; e, nos dias mais gelados, a vasoconstrição se dá para manter o organismo aquecido. Por sua vez, a respiração sofre com a perda de água e de calor.
Os efeitos das baixas temperaturas
Em virtude dos fatores citados, o corpo acaba sofrendo com uma piora do sistema respiratório, o que faz com que as doenças respiratórias se proliferem com mais facilidade. Entenda qual é o efeito das baixas temperaturas no organismo.
1. O clima e suas oscilações
Além do clima frio, as oscilações bruscas da temperatura são responsáveis pelo aumento do risco das doenças. O organismo fica mais propenso a ser afetado por alergias respiratórias, já que as baixas temperaturas e o tempo seco apresentam alta concentração de poluentes na atmosfera.
2. Redução dos mecanismos de defesa
Neste período, o organismo sofre com uma redução de seus mecanismos de defesa. Dessa forma, o corpo humano fica mais propício ao surgimento ou ao agravamento de doenças respiratórias virais (como gripes e resfriados) ou doenças inflamatórias(tal qual asma, bronquite, otite, rinite e/ou sinusite).
3. O risco de ambientes climatizados
O vento frio e seco do ar-condicionado em ambientes climatizados dificulta o trabalho dos pelos que revestem as paredes do trato respiratório.
A função desses pelos é evitar a entrada de impurezas no organismo através das vias aéreas. Com essa proteção afetada, fungos, bactérias e vírus encontram facilidade para entrar no organismo e provocar doenças alérgicas ou infecciosas.
4. Aglomerações
As aglomerações se tornaram assunto recorrente por causa da pandemia do novo coronavírus. É comum que as pessoas fiquem mais aglomeradas e permaneçam mais próximas em ambientes fechados durante o inverno. Isso facilita a contaminação.
Doenças respiratórias mais comuns no inverno
São muitas as doenças respiratórias comuns nesta época do ano. Veja quais são as mais incidentes, suas características e os sintomas de cada uma delas.
Gripe (Influenza)
A gripe, causada pelo vírus influenza, é muito contagiosa e ataca as vias respiratórias (nariz, garganta e pulmões). Quando não há complicações, ela tende a passar sozinha.
Sintomas: febre, tosse, dor de garganta, dor de cabeça e dor no corpo são os mais comuns.
Resfriado
O resfriado, também muito comum no inverno, é uma infecção do trato respiratório superior (nariz e garganta) e pode ser provocada por vários tipos de vírus. Normalmente, o organismo se recupera entre 7 e 10 dias.
Sintomas: normalmente, os sintomas são os mesmos da gripe, mas aparecem de forma mais leve. O resfriado pode causar coriza intensa, dor de garganta, tosse, congestionamento nasal, dores no corpo ou leve dor de cabeça, espirros, febre baixa e mal-estar.
Sinusite
Inflamação dos seios paranasais, a sinusite pode surgir depois do resfriado. Com o resfriado ou a gripe, a drenagem de muco das vias aéreas superiores fica comprometida, o que favorece a infecção dos seios paranasais por vírus ou bactérias.
Sintomas: congestão ou obstrução nasal (que causa dificuldades respiratórias pelo nariz), inchaço e pressão ao redor dos olhos, corrimento amarelo ou verde no nariz ou na parte posterior da garganta e dor de cabeça ou dor facial.
Bronquite
A bronquite também é uma doença que surge com frequência em períodos de baixa temperatura. A bronquite aguda geralmente é desencadeada por infecção viral ou bacteriana das vias respiratórias.
Sintomas: tosse seca ou com catarro e chiado. Com o agravamento, há dificuldade para respirar, fadiga, mal-estar geral e febre.
Rinite
Inflamação não contagiosa das mucosas do nariz, a rinite costuma ser causada por alergias ou reações oriundas da inalação de fumaça e outros agentes irritantes das vias respiratórias.
Sintomas: coriza, espirros e obstrução nasal.
Asma
A asma, doença crônica mais comum da infância, é causada pela inflamação dos brônquios. Ela obstrui os brônquios, dificultando a passagem do ar durante a respiração, e pode se agravar em quadros infecciosos. A doença não tem cura, mas existe a possibilidade de ser controlada por meio do tratamento adequado e com os devidos cuidados no dia a dia.
Sintomas: chieira torácica, tosse e dificuldade para respirar.
Laringite
A laringite nada mais é do que uma inflamação na laringe, região da garganta na qual estão as cordas vocais. Ela pode aparecer sozinha ou como sintoma de doenças como bronquite, pneumonia e outras infecções respiratórias.
Sintomas: rouquidão e tosse seca.
Faringite
A faringite geralmente é um sintoma de um simples resfriado. Ela indica uma inflamação na faringe, área da garganta entre as amígdalas e a laringe.
Sintomas mais comuns: sensação de garganta arranhada, febre, secreção na garganta, dor de ouvido e dificuldade para engolir.
Otite
A otite é uma inflamação no ouvido, geralmente de causa infecciosa, desencadeada por vírus ou bactérias. Mais comum em crianças, muitas vezes ocorre como consequência de uma gripe ou um resfriado, sendo mais comum no outono e no inverno.
Sintomas: dor de ouvido (especialmente quando deitado), perda de equilíbrio, febre, dor de cabeça, drenagem de fluido pelo ouvido e audição diminuída.
Pneumonia
A pneumonia é um tipo de inflamação que afeta os pulmões e que, normalmente, está relacionada a uma infecção. Geralmente é causada por bactérias, mas também pode ser por vírus ou fungos.
De modo geral, a pneumonia começa com uma simples gripe ou resfriado que não é bem tratado, fazendo com que a imunidade do paciente diminua consideravelmente.
Os sintomas e os sinais da pneumonia podem variar. Normalmente, incluem dor no peito ao respirar ou tossir, tosse com catarro, febre, fadiga, transpiração e calafrios com tremor, náusea e dificuldade para respirar.
Dicas de prevenção
Não é possível controlar as baixas temperaturas e o tempo seco, mas algumas atitudes simples podem ajudar você a evitar a proliferação das doenças respiratórias. Confira algumas dicas importantes:
O que fazer!
- Mantenha as mãos bem lavadas e evite levá-las aos olhos, à boca e ao nariz;
- Proteja a boca ao tossir ou espirrar;
- Mantenha-se hidratado, bebendo bastante água;
- cuide da limpeza de casa, evitando o acúmulo de poeira (utilize pano úmido e evite o uso de vassoura ou espanador, já que eles espalham a poeira);
- Faça a lavagem nasal utilizando solução fisiológica para a limpeza das vias respiratórias;
- Procure manter o ambiente arejado e, nos dias ensolarados, tente renovar o ar de casa. Isso porque bactérias e vírus se acumulam em locais fechados;
- Utilize vaporizador, umidificador, recipientes com água ou toalhas úmidas para evitar os problemas causados pelo tempo seco;
- Procure manter a respiração sempre pelo nariz, e não pela boca. Como dito anteriormente, as narinas têm a função de filtrar o ar e aquecê-lo;
- Roupas de cama e vestuário guardados por muito tempo devem ser lavados e colocados para secar ao sol;
- Mantenha uma alimentação balanceada. Frutas são essenciais, principalmente as que contêm vitamina C (a laranja, por exemplo). Elas ajudam na prevenção contra gripes e resfriados;
- Banhos devem ser rápidos e em temperaturas amenas.
O que não fazer!
- Evite ambientes fechados e sem ventilação;
- Evite se expor ao frio e utilize roupas e agasalhos adequados ao ar livre ou em salas frias (como cinemas, por exemplo).
Não compartilhe objetos pessoais; - Evite fumar ou se expor a ambientes com muita poeira e fumaça;
- Evite manter contato com pessoas gripadas ou com resfriados. Essas doenças são adquiridas pelo ar;
- Mantenha-se distante de bichos de pelúcia, tapetes ou produtos com pelos, se você tem problemas respiratórios como bronquite, asma e sinusite.
Cuide da vacinação
Assistir a um filme debaixo das cobertas é uma ótima pedida para os dias mais frios, mas existe um programa mais importante: cuide de seu cartão de vacinação e mantenha as vacinas em dia.
Fique atento à aplicação dos imunizantes contra a Covid-19 e não deixe de tomar as doses de reforço quando estiverem disponíveis.
Também é necessário manter outras vacinas em dia, como a da gripe. A infecção com o vírus influenza pode gerar complicações médicas em portadores de doenças respiratórias crônicas.
Pacientes idosos, portadores de doenças crônicas e crianças devem receber a vacina para prevenção de pneumonias. Converse com o seu médico a respeito.
Quando procurar um médico?
É importante destacar que os sintomas de algumas doenças citadas anteriormente são bem parecidos com as alterações causadas pela infecção pelo coronavírus. Se você precisar de atendimento médico, procure o pronto atendimento online e agende uma consulta.
O profissional de saúde avalia caso a caso, e, se houver suspeita de Covid-19, o exame será solicitado.
Fique atento! Só vá a um Pronto Atendimento (PA) em casos de extrema necessidade. Lembre-se: nesses locais, você corre o risco de se contaminar e levar a doença para a sua família e a comunidade, além de aumentar o tempo de espera de atendimentos urgentes.
Sinais de alerta
É importante se atentar a alguns sinais de alerta. Procure atendimento se você apresentar sintomas como:
- Piora no quadro respiratório, com falta de ar e dificuldade para respirar;
- Febre persistente e de difícil controle, mesmo com medicamento, associada à piora do quadro geral.