Hanseníase: o que é, seus tipos, sintomas e tratamento

Prevenção e Controle

27/01/2023

Tire suas dúvidas sobre a hanseníase, entenda o que é a doença, quais são seus tipos, sintomas e tratamentos.

5 min de leitura

Hanseníase: o que é, seus tipos, sintomas e tratamento

A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica e transmissível. Segundo informações do Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos. 

Neste artigo do portal Viver Bem, você vai se informar sobre o que é a doença, quais são seus sinais e sintomas, tipos, diagnóstico, tratamentos e formas de prevenção.

O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae e pelo Mycobacterium lepromatosis que envolve a pele e os nervos periféricos.

O indivíduo diagnosticado pode apresentar lesões neurais que geralmente provocam danos irreversíveis. Por isso, é muito importante que o diagnóstico seja realizado o quanto antes para garantir ao paciente o tratamento mais adequado.

Quando não tratada em sua forma inicial, a doença pode evoluir de maneira lenta e progressiva, levando à incapacidade física.

Transmissão

Em geral, a maioria dos indivíduos não desenvolve a doença depois da exposição. O desenvolvimento depende de uma variedade de fatores, incluindo proximidade e tempo de contato, tipo de hanseníase apresentada pelo paciente acometido, estado imunológico e susceptibilidade genética.

Diferentemente do que muitas pessoas imaginam, a hanseníase não é transmitida por objetos utilizados pelo paciente, mas pelas vias respiratórias. Acredita-se que a maior parte da população tenha uma defesa natural à bactéria causadora da enfermidade.

Há, no entanto, uma influência genética, o que significa que pessoas cujos familiares foram atingidos pela doença têm mais chances de se infectarem pela bactéria causadora da enfermidade.

Sintomas da hanseníase

O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado. Em razão disso, é muito relevante se informar e se atentar aos possíveis sinais dessa condição.

Deve-se suspeitar de hanseníase em pessoas com qualquer um dos seguintes sintomas e sinais:

  • Manchas hipocrômicas (claras) ou avermelhadas na pele.
  • Perda ou diminuição da sensibilidade em mancha(s) da pele.
  • Dormência ou formigamento de mãos/pés.
  • Dor ou hipersensibilidade em nervos.
  • Edema ou nódulos na face ou nos lóbulos auriculares (orelhas).
  • Ferimentos ou queimaduras indolores nas mãos ou nos pés.
    • Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato); 
    • Comprometimento do (s) nervo (s) periférico (s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; 
    • Áreas com diminuição dos pelos e do suor; 
    • Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente nas mãos e nos pés; 
    • Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés; 
    • Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.  

     

A doença afeta primariamente os nervos periféricos e a pele, podendo acometer também a mucosa do trato respiratório superior, olhos, linfonodos, testículos e órgãos internos, de acordo com o grau de resistência imune do indivíduo infectado.

Tipos

As apresentações clínicas da hanseníase podem ser descritas da seguinte maneira:

Hanseníase indeterminada (paucibacilar)

É a forma inicial da doença, surgindo com manifestações discretas e menos perceptíveis, caracterizada por manchas na pele, em pequena quantidade, mais claras que a pele ao redor (hipocrômicas), sem alteração de relevo ou da textura da pele.

Quando não é tratada nessa fase, a condição evolui de acordo com a resposta imune do indivíduo infectado, podendo haver cura espontânea ou desenvolvimento de outras tipos clínicos, com risco de dano neurológico irreversível. Geralmente, ocorre redução apenas da sensibilidade térmica e raramente há diminuição da sensibilidade dolorosa, enquanto a sensibilidade tátil é preservada.

Tendo em vista o caráter discreto e assintomático dessas lesões, é mais raro que os pacientes busquem o serviço de saúde espontaneamente nessa fase da doença. Por isso, as ações de busca ativa de casos na população, como campanhas de diagnóstico e especialmente o exame de contato, são essenciais para a detecção precoce de casos.

Hanseníase tuberculoide (paucibacilar)

O paciente apresenta comprometimento restrito da pele e dos nervos, que geralmente se manifesta como lesão cutânea única e bem-delimitada, com redução acentuada da sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa), podendo ocorrer redução da sudorese e diminuição dos pelos nas áreas afetadas.

O diagnóstico clínico geralmente é estabelecido com base na presença de lesões da pele com diminuição ou perda de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil.

Hanseníase dimorfa (multibacilar)

Essa forma clínica situa-se entre as manifestações da hanseníase tuberculoide e virchowiana, sendo o tipo clínico mais incapacitante da hanseníase, especialmente quando o diagnóstico é tardio.

As lesões cutâneas aparecem em número variável, acometem diversas áreas e apresentam grande variabilidade clínica, como manchas e placas claras, acastanhadas ou violáceas, havendo a possibilidade de ocorrer comprometimento da sensibilidade cutânea.

O comprometimento dos nervos pode causar dor e choque à palpação, associado à diminuição de força muscular e à redução da sensibilidade, além de deformidades visíveis na face, nas mãos e nos pés, com atrofia muscular, úlceras plantares, lesões traumáticas em áreas de anestesia, alterações oculares e outras.

Hanseníase virchowiana (multibacilar)

Essa é a forma mais contagiosa da doença. Ocorre em indivíduos que não ativam adequadamente a imunidade. Embora haja produção de anticorpos, esses não são capazes de impedir o acometimento com infiltração difusa da pele e dos nervos periféricos, além de linfonodos, fígado, baço, testículos e medula óssea.

O comprometimento cutâneo pode ser silencioso através da infiltração progressiva com acentuação dos sulcos cutâneos, perda dos pelos dos cílios e supercílios, congestão nasal e aumento dos pavilhões auriculares.

Com a evolução da doença não tratada, podem surgir nódulos na pele, geralmente com coloração acastanhada ou ferruginosa. As lesões de pele podem apresentar sensibilidade normal, mas é possível ocorrer redução, dormência, câimbra e formigamento nas mãos e nos pés.

Hanseníase: o que é, seus tipos, sintomas e tratamento

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da doença se dá por meio do exame físico geral e dermatoneurológico. Quando a condição é confirmada, o profissional indicará o tratamento mais adequado para cada caso, que é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O tratamento é feito via oral com a associação de três antimicrobianos. Essa junção é chamada de Poliquimioterapia Única (PQT-U) e tem o objetivo de diminuir a resistência medicamentosa do bacilo (microrganismos bacterianos).

A doença deixa de ser transmitida logo no início do tratamento, que tem duração variável de acordo com a sua forma clínica.

Prevenção

O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são fundamentais para a prevenção da doença. Além disso, é necessário fazer a investigação de contatos de pessoas que convivem ou conviveram com o paciente de modo prolongado, a fim de examiná-los para o controle de eventuais diagnósticos.

Não se conhece precisamente o período de incubação da doença, mas estima-se que dure em média cinco anos, podendo chegar até a 20 anos.

Janeiro Roxo

O “Janeiro Roxo” é uma campanha nacional de prevenção à hanseníase, realizada pelo Ministério da Saúde e endossada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB).

Tal campanha consiste em fazer ações de conscientização sobre a doença. Ela não é relevante apenas para que o diagnóstico precoce seja realizado, mas também para a conscientização da população a respeito da doença e para evitar a exclusão social de portadores dessa condição.

O estigma e a discriminação são capazes de provocar diversas consequências negativas, incluindo a limitação do convívio social e o sofrimento psíquico, que, por sua vez, podem interferir no diagnóstico e na adesão ao tratamento da doença.

Embora tenha sido o primeiro país a proibir a linguagem discriminatória contra pessoas acometidas pela hanseníase (por lei, o termo “lepra” e seus derivados não podem ser usados em documentos oficiais), o Brasil não tem penalidades impostas para quem infringir a lei.

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