Autoestima e pressão estética: bem-estar além dos padrões
17/03/2025
A busca por um padrão estético muitas vezes gera impactos profundos na autoestima e na saúde mental das mulheres. A pressão para se encaixar em ideais irreais pode levar à frustração, ansiedade e insegurança, tornando essencial refletir sobre o real significado do autocuidado e da autoaceitação. Cuidar da aparência deve ser uma escolha consciente, que […]
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A busca por um padrão estético muitas vezes gera impactos profundos na autoestima e na saúde mental das mulheres. A pressão para se encaixar em ideais irreais pode levar à frustração, ansiedade e insegurança, tornando essencial refletir sobre o real significado do autocuidado e da autoaceitação. Cuidar da aparência deve ser uma escolha consciente, que promova bem-estar, e não uma imposição social.
A Dra. Paula de Rezende Salomão, dermatologista e médica cooperada da Unimed-BH, compartilha sua visão sobre como equilibrar o desejo de se sentir bem consigo mesma com a aceitação da própria essência, sem se prender a padrões inalcançáveis. Confira seu depoimento completo!
Depoimento
Vivemos em uma sociedade onde a aparência se tornou um cartão de visitas. Seja no ambiente profissional, nas relações sociais ou até mesmo nas redes, há uma expectativa constante de parecermos jovens, saudáveis e dentro de um padrão que, muitas vezes, não condiz com a realidade.
A grande questão é: até que ponto essa busca pela estética contribui para o bem-estar e até quando ela se torna uma prisão? Cuidar da aparência pode afetar positivamente a autoestima, mas quando a preocupação se transforma em uma exigência inalcançável, o efeito pode ser devastador.
Autoestima não é sobre se encaixar em um ideal de beleza, mas sobre o valor que damos a nós mesmos. É o equilíbrio entre aceitação e desenvolvimento pessoal.
Recentemente, ao ler A Coragem de Não Agradar, refleti sobre o peso da opinião alheia em nossas escolhas. Muitas vezes, acreditamos que precisamos ser validados pelos outros para nos sentirmos bem. No entanto, a verdadeira autoestima vem de dentro. Quando a colocamos nas mãos do julgamento externo, nos tornamos reféns de um jogo sem fim e perdemos nossa verdadeira essência.
Marcas da nossa história
Desde cedo, somos condicionados a acreditar que há um modelo ideal de beleza. Homens devem ser fortes, sem sinais de envelhecimento. Mulheres devem ter a pele impecável, o corpo esculpido. Mas a realidade é outra: envelhecemos, temos imperfeições, carregamos marcas da nossa história.
O psiquiatra Augusto Cury alerta: “A sociedade moderna está doente. Exige-se muito da estética e pouco da essência.” O resultado dessa pressão é um aumento dos índices de ansiedade, insatisfação corporal e até depressão. Afinal, como alcançar um padrão que está sempre mudando e habitualmente é diferente do que somos?
A solução não é abandonar os cuidados com a aparência, mas ressignificar seu valor. A relação entre estética e saúde mental é evidente, mas o problema surge quando buscamos a validação externa como única fonte de autoestima.
Autoaceitação
A aceitação não significa acomodação. Aceitar-se não é o mesmo que desistir de evoluir. Cuidar do corpo e da aparência pode e deve ser algo positivo, desde que seja uma escolha consciente e não uma imposição social. Ainda segundo Augusto Cury: “Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história”.
Na minha prática como dermatologista, observo diariamente o impacto das imperfeições da pele na autoestima das pessoas. Muitas doenças dermatológicas possuem consequências psicossociais importantes. Dessa maneira, podemos observar que tanto no tratamento das doenças quanto na realização de procedimentos estéticos, a melhora da aparência da pele pode ir muito além da vaidade: eles podem restaurar a confiança e promover bem-estar.
É comum encontrar pessoas que, após se sentirem melhor com sua aparência, tornam-se mais seguras, mais satisfeitas e motivadas para enfrentar desafios. Não porque passaram a se encaixar em um padrão, mas porque passaram a gostar do que veem no espelho.
O segredo está em equilibrar o desejo de melhorar com a aceitação do que é natural e próprio de cada um.
Se o objetivo é viver bem consigo mesmo, algumas atitudes podem ajudar:
- Cuidar da mente tanto quanto do corpo: exercício físico, meditação, terapia ou simplesmente tirar um tempo para si fazem toda a diferença.
- Filtrar o que consumimos: As redes sociais projetam uma perfeição muitas vezes irreal. Comparar-se com imagens editadas é desleal consigo mesmo.
- Valorizar a própria trajetória: Cada cicatriz, ruga ou marca é parte da sua história. São sinais de vida, não de falha.
- Buscar referências saudáveis: Cercar-se de pessoas que valorizam você pelo que é, não apenas pela aparência, fortalece a autoestima.
No fim das contas, o que realmente importa é a maneira como nos sentimos ao nos olharmos no espelho – não apenas fisicamente, mas emocionalmente.
O verdadeiro bem-estar não vem de atingir um padrão estético, mas de construir uma relação saudável consigo mesmo. A beleza não é um destino fixo; ela é a forma como cada um se percebe e se expressa.
Se quiser mudar algo na aparência, que seja porque isso faz sentido para você, não porque alguém impôs essa necessidade. Cuide da sua pelo prazer de se sentir bem ao toque, não pelo medo de não ser aceito.
Autoestima é sobre encontrar equilíbrio, autenticidade e bem-estar na própria pele.
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