Saiba mais sobre Icterícia neonatal: sintomas, riscos e tratamento

Maternidade

08/06/2021

Você já ouviu falar na hiperbilirrubinemia, icterícia neonatal ou amarelão? Saiba tudo sobre essa condição, muito frequente em recém-nascidos.

4 min de leitura

Saiba mais sobre Icterícia neonatal: sintomas, riscos e tratamento

Um dos maiores desejos dos pais após o parto é conferir, ansiosamente, se o neném nasceu perfeito, com todos os dedinhos e formação saudável. É comum relatarem maior alívio ao constatar que, conforme exames e consultas do pré-natal, o filhote não apresenta nenhuma condição especial que requer tratamento específico.

Contudo, outro quesito é essencial quando se trata da avaliação física: pele, olhos e outros tecidos amarelados são os principais indícios da icterícia.

A condição, que pode ocorrer em pessoas de todas as idades devido a diversas causas, é o problema mais comum no período neonatal e atinge cerca de 60% dos recém-nascidos e 80% dos prematuros.

O que é icterícia?

Também chamada de amarelão, a icterícia indica que há um acúmulo de bilirrubina – uma substância derivada do processamento dos glóbulos vermelhos – no sangue. Na maioria dos recém-nascidos, esse fenômeno, chamado tecnicamente de hiperbilirrubinemia, não representa riscos e desaparece naturalmente.

Mas a icterícia do recém-nascido pode ser um sintoma de doenças mais graves, por isso deve ser detectada e tratada adequadamente. Além disso, níveis excessivamente altos de bilirrubina no sangue podem lesionar o cérebro, causando sequelas neurológicas permanentes.

O que causa a icterícia neonatal?

Após o parto, bebês com tonalidade amarelada podem gerar dúvidas nos pais: afinal, o que causa a icterícia neonatal?

Acontece que as hemoglobinas do recém-nascido são mais numerosas e têm vida média mais curta do que as dos adultos, enquanto seu fígado ainda é imaturo. Ou seja: a produção de bilirrubina é maior do que a capacidade de processá-la e eliminá-la, o que causa o acúmulo da substância no sangue. É a chamada icterícia fisiológica do recém-nascido.

Quanto mais prematuro o bebê, mais dificuldade o fígado tem para eliminar a bilirrubina. É por isso que a icterícia neonatal é ainda mais frequente entre os bebês nascidos antes da 38ª semana de gestação. Ela também pode ter outras causas:

  • Incompatibilidade entre o tipo sanguíneo do bebê e o da mãe.
  • Traumas durante o parto.
  • Dificuldades na amamentação.

Mais raramente, o recém-nascido com icterícia pode indicar sinais de doenças mais graves, como:

  • Infecções bacterianas ou virais e doenças congênitas.
  • Problemas no fígado.
  • Hipotireoidismo.
  • Hemorragia ou sepse.
  • Disfunção nos glóbulos vermelhos.

Como detectar a icterícia neonatal?

Normalmente, os indícios da icterícia em bebê surgem dois ou três dias após o parto. Por isso, geralmente o recém-nascido é examinado em busca dos sintomas ainda na maternidade. 

Entretanto, se o seu bebê já estiver em casa, é importante monitorá-lo: a observação é a melhor forma de detectar a icterícia em recém-nascidos. Examine seu pequeno em um ambiente bastante iluminado – de preferência sob iluminação natural.

Pressione suavemente a testa, o narizinho e o tórax do bebê com os dedos e veja se os locais pressionados ficam amarelados quando a pressão é interrompida.

Em bebês de pele mais escura, observe se os globos oculares, a gengiva ou até mesmo as palmas das mãos e as solas dos pés estão amarelados. Urina com cor amarelo-escura e fezes em tom amarelo-claro também podem indicar a condição.

Se encontrar algum sinal da icterícia neonatal, procure orientação médica o quanto antes para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento, se necessário.

Como cuidar da icterícia em bebês?

Caso o pediatra encontre indícios de causas mais graves para o surgimento da icterícia neonatal, ele poderá pedir mais exames para confirmar sua suspeita.

Essa decisão será tomada com base no histórico clínico e nas condições de saúde do bebê, em quanto tempo após o parto a icterícia teve início e na intensidade e duração da coloração amarelada.

Na maioria dos casos, não é necessário nenhum tratamento específico para a icterícia em bebês. Essa condição desaparece naturalmente após cerca de duas semanas, quando o fígado do bebê estiver mais maduro e a eliminação da bilirrubina for regularizada.

Se a icterícia não regredir espontaneamente, o médico poderá indicar a fototerapia, tratamento não invasivo, também conhecido como “banho de luz”. Nele, o recém-nascido com icterícia é exposto à luminosidade azulada emitida por lâmpadas específicas. Essa luz atinge a estrutura do pigmento, diluindo-o e eliminando-o.

A quantidade de sessões de fototerapia é definida de acordo com o quão acentuada está a icterícia. Em muitos casos, o tratamento acontece no próprio quarto da maternidade, ao lado da cama da mamãe, e a rotina de cuidados e amamentação do bebê não sofre nenhuma alteração. 

Algumas vezes, pode acontecer de mãe e filho receberem alta em datas diferentes. Concentrações muito elevadas de bilirrubina no sangue podem requerer a realização da exsanguineotransfusão.

Esse tratamento, mais invasivo, é indicado para casos graves de hiperbilirrubinemia e consiste na remoção rápida da bilirrubina da circulação sanguínea por meio da inserção de um cateter na veia umbilical. As pequenas quantidades de sangue retiradas são repostas com o sangue de doadores contendo hemoglobinas saudáveis.

Além desses tratamentos, a amamentação em livre demanda, sem horários predefinidos, ajuda na recuperação da icterícia no recém-nascido: quanto mais o bebê se alimenta, mais bilirrubina é eliminada por meio da urina e das fezes.

Receitas populares para tratar a icterícia, como chás, banhos de sol ou remédios caseiros são contraindicadas e podem desencadear reações alérgicas graves. Siga somente as recomendações do profissional de saúde.

Quais são as possíveis complicações?

A neurotoxicidade no sistema nervoso central é a principal complicação da hiperbilirrubinemia não tratada adequadamente. 

Essa intoxicação pela bilirrubina causa encefalopatia, cujos sintomas clínicos iniciais são: sonolência, recusa alimentar e diminuição do tônus muscular. Na sequência, o bebê pode ter convulsões, vômitos e febre.

Se o nível de bilirrubina estiver muito alto e não for tratado no tempo devido, a encefalopatia evolui para uma lesão permanente no cérebro chamada de kernicterus. Esse quadro pode ocasionar sequelas irreversíveis, como alterações na arcada dentária, retardo cognitivo, comprometimento motor e até mesmo paralisia cerebral.

Por isso, é fundamental estar atento a qualquer indício de icterícia no bebê e procurar orientação médica o quanto antes.

Saiba mais sobre Cuidados com recém nascidos em nossa categoria de Maternidade.

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Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH
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