Sinais de autismo: como detectar e realizar o diagnóstico precoce
06/04/2021
Atualizado em 19/03/2024
A criança com transtorno do espectro autista possui particularidades e um estilo de vida que deve ser adotado pela família. Veja quais são os sinais de autismo e como a identificação precoce pode contribuir para um desenvolvimento mais saudável e equilibrado.
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A primeira infância é marcada por novidades. Este é o momento em que as crianças aprendem a andar, falar, criar conexões sociais. Acompanhar a rotina dos pequenos durante essa fase é fundamental é papel dos responsáveis incentivar e apoiar os pequenos nesse aprendizado contínuo.
O acompanhamento ajuda a perceber sinais que podem indicar alteração no desenvolvimento da criança. Dificuldades em se comunicar, socializar, irritabilidade ou sensibilidade a barulhos podem ser sinais de autismo, isto é, transtorno que afeta 1 em cada 160 pessoas no mundo.
Detectar o Transtorno do Espectro Autista (TEA), nos primeiros anos de vida, é essencial para garantir o tratamento adequado. Confira neste post como identificar os sinais para conversar com o pediatra ou o médico de família que acompanha o seu filho.
O que é autismo?
Antes de conhecer os sinais e os tratamentos, é essencial entender o que é o autismo, termo popularmente usado para se referir ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O TEA é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico, causando dificuldades na comunicação, na interação social e apresentando sinais como comportamento repetitivo e interesses muito específicos.
O autismo é um transtorno que acompanha a pessoa ao longo da vida e não tem cura. No entanto, identificar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) cedo possibilita intervenções que promovem importantes avanços no desenvolvimento cognitivo da criança.
Quais os tipos de autismo?
O transtorno do espectro do autismo tem esse nome por um motivo: ele pode se manifestar de formas muito distintas em cada caso.
Outro ponto a considerar é que tal transtorno se apresenta com diferentes níveis de comprometimento, desde os mais leves até os mais graves – nos quais, muitas vezes, a criança enfrenta maiores desafios e precisa de apoio para se socializar.
Autismo clássico
O grau de comprometimento pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, indivíduos demonstram menor interação social, mantendo o olhar pouco direcionado para outras pessoas ou para o ambiente ao redor.
Embora possam desenvolver a fala, é possível que eles tenham dificuldades em utilizá-la como ferramenta de comunicação, compreendendo melhor enunciados simples e interpretando as palavras de forma literal, sem captar metáforas ou duplos sentidos.
Nas formas mais intensas do TEA, algumas crianças apresentam menor resposta a estímulos sociais, como o contato visual e o sorriso, além de realizarem movimentos repetitivos ou se envolverem em padrões de comportamento mais restritos.
Nesses casos, o acompanhamento especializado e o suporte adequado são essenciais a fim de estimular o desenvolvimento, promover a comunicação e fortalecer a interação com o mundo ao redor.
Algumas crianças podem demonstrar sinais mais sutis de estereotipias, ou seja, movimentos repetitivos realizados, geralmente, como uma forma de lidar com estímulos em excesso.
TEA de alto desempenho (síndrome de Asperger)
Pessoas com esse diagnóstico possuem habilidades cognitivas preservadas e são verbais, muitas vezes demonstrando grande interesse e profundidade em áreas específicas do conhecimento.
Tal dedicação pode levar a um nível de expertise impressionante, o que, em alguns casos, pode até ser associado a uma genialidade em determinados temas.
A capacidade de interação social pode variar, e quanto mais desenvolvidas essas habilidades, maior a autonomia na vida cotidiana. Com o suporte adequado, muitas dessas pessoas conseguem construir relações sociais, acadêmicas e profissionais de forma satisfatória, valorizando suas habilidades únicas e potencializando sua qualidade de vida.
Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE)
Algumas pessoas apresentam características do Transtorno do Espectro Autista (TEA), como desafios na comunicação e na interação social, mas sem manifestar todos os critérios necessários para se enquadrar em uma das categorias específicas do espectro.
Esse perfil, muitas vezes torna o diagnóstico mais desafiador, exigindo uma avaliação detalhada para compreender as particularidades de cada indivíduo.
Independentemente da classificação, o acompanhamento especializado é fundamental visando oferecer suporte e estratégias que favoreçam o desenvolvimento e a inclusão, respeitando as necessidades e as potencialidades de cada pessoa.
Sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA): como identificar
Reconhecer sinais precoces do Transtorno do Espectro Autista (TEA) certamente ajuda pais, mães e responsáveis a buscar um acompanhamento adequado para a criança. A observação atenta do desenvolvimento infantil é essencial com o objetivo de identificar possíveis diferenças na comunicação, na interação social e no comportamento.
Ficar atento à comunicação não verbal, como contato visual reduzido, ausência de respostas a estímulos sociais ou padrões repetitivos de comportamento. Isso pode ser um indicativo importante. No entanto, caso haja qualquer suspeita, é fundamental procurar conversar com o pediatra ou o médico de família do seu filho para avaliação.
Como reconhecer sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Os primeiros sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ser percebidos ainda nos primeiros meses de vida. A atenção ao desenvolvimento infantil é essencial para identificar possíveis indícios precoces e buscar um acompanhamento adequado.
Sinais precoces do TEA em bebês:
- atraso no sorriso e poucas expressões faciais;
- baixa resposta a sons, ruídos e vozes no ambiente;
- pouco interesse em rosto humano, preferindo observar objetos;
- irritabilidade ao colo e pouca responsividade na amamentação;
- problemas significativos de sono;
- pouca ou nenhuma reação ao ser separado da mãe;
- atraso no desenvolvimento da linguagem;
- dificuldade em usar gestos convencionais, como acenar para dar tchau.
Com o crescimento da criança, os sinais podem se modificar e se tornar mais evidentes.
Outros sinais que podem surgir no decorrer do tempo:
- dificuldade na interação social e pouca resposta a estímulos sociais;
- baixo contato visual e dificuldade em fixar o olhar;
- sensibilidade ao toque e reações arredias ao contato físico;
- pouca ou nenhuma resposta ao ser chamado pelo nome;
- preferência por brincadeiras individuais e dificuldade em interagir com outras crianças;
- interesse reduzido em imitar gestos ou participar de brincadeiras simbólicas;
- fixação por objetos, alinhando-os repetidamente ou aproximando-se deles de forma exagerada;
- indiferença à separação dos pais no primeiro dia de aula;
- sensibilidade aumentada a sons altos ou a estímulos sensoriais;
- resistência a mudanças na rotina e dificuldade de adaptação;
- seletividade alimentar significativa;
- baixa demonstração de dor ou medo em situações de risco;
- dificuldade de concentração e na finalização de tarefas;
- desafios para expressar sentimentos verbalmente ou por meio de gestos;
- episódios de irritação intensa e acessos de raiva.
Se houver suspeita de TEA, é fundamental conversar com o médico do seu filho para uma avaliação. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado podem fazer a diferença no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança.
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Importância do auxílio especializado
O papel de pais, mães e responsáveis no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é imprescindível. Além de serem os primeiros a observar sinais e buscar um diagnóstico, a participação ativa deles nas intervenções e no acompanhamento do desenvolvimento infantil é essencial.
Ao perceber possíveis indícios de TEA, é crucial procurar auxílio para confirmar o diagnóstico e iniciar o suporte adequado. O acompanhamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, que geralmente inclui profissionais como pediatra, neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, por exemplo.
O trabalho conjunto desses profissionais visa a estimular o desenvolvimento global da criança e a expandir suas habilidades. No entanto, para que os avanços ocorram de maneira significativa, o acompanhamento precisa ser contínuo, e a criança deve encontrar um ambiente acolhedor tanto nas terapias quanto em casa.
O diagnóstico de TEA certamente traz desafios e mudanças na rotina familiar, mas, com informação, apoio e as ferramentas adequadas, é possível proporcionar um ambiente seguro e estimulante para que a criança desenvolva todo o seu potencial.
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