Sífilis congênita: o que é, sintomas e formas de tratamento
30/08/2023
Entenda o que é sífilis congênita e conheça os principais detalhes desta doença que é passada de mãe para filho.
4 min de leitura
Com relação à saúde materno-infantil, um assunto bastante pertinente é a sífilis congênita, uma doença passada da mãe gestante para o recém-nascido e que, em muitas ocasiões, não apresenta sinais claros.
Trata-se de uma condição que destaca a necessidade de um olhar ainda mais atento sobre as práticas de prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Neste artigo, o Viver Bem, portal de saúde da Unimed-BH, explica o que é a sífilis congênita, quais são os sintomas mais comuns e qual é a importância de a gestante fazer o pré-natal adequado enquanto aguarda a chegada do bebê.
O que é sífilis congênita?
É bastante provável que você já tenha ouvido falar sobre a sífilis, que é uma infecção sexualmente transmissível. Trata-se de uma condição curável, que é causada por bactéria e normalmente apresenta sinais como uma ferida, normalmente única, e manchas no corpo, que não costumam coçar.
A sífilis congênita, por sua vez, é a infecção passada de mãe para bebê por via placentária. Ela pode ocorrer em qualquer momento da gravidez quando a gestante não realizou o tratamento contra a doença ou o fez de forma inadequada.
Saiba mais sobre a sífilis e as ISTs em um artigo especial do Viver Bem:
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): o que são e como prevenir
Como ocorre a transmissão
A transmissão ocorre quando o Treponema pallidum, bactéria causadora da sífilis, está presente no fluxo sanguíneo e atravessa a barreira placentária. Ele penetra a corrente sanguínea fetal e, assim, infecta o bebê que está se desenvolvendo.
Quanto mais recente for a infecção, mais bactérias estarão em circulação e, consequentemente, maiores são as chances de o feto ser atingido. Por outro lado, quando a infecção é de longa data, a mãe gradualmente desenvolve anticorpos, o que tem um efeito atenuante na transmissão.
Isso não significa que o bebê não vai desenvolver a sífilis congênita, mas que as lesões podem surgir mais tardiamente. A taxa de transmissão vertical da sífilis supera os 70% em mulheres não tratadas nas duas primeiras fases da doença.
A porcentagem, entretanto, diminui para 10% a 30% nas fases latente e terciária.
Sintomas da sífilis congênita
Na maior parte das vezes, os bebês que desenvolveram a sífilis congênita não apresentam manifestações da doença logo após o nascimento. Esses sinais, no entanto, podem aparecer ainda nos primeiros três meses.
As alterações também são comuns durante ou após os dois anos de vida. Entre os principais sintomas em recém-nascidos, estão:
- Incapacidade para aumentar de peso ou progredir;
- Irritabilidade;
- Secreção pelo nariz (com sangue);
- Erupção precoce.
Em bebês maiores, são manifestações comuns da infecção:
- Dentes anormais (cortados);
- Cicatrização da pele ao redor de lesões na boca, nos genitais ou ânus;
- Inflamação articular;
- Nebulosidade da córnea;
- Perda visual;
- Surdez ou redução da audição;
- Placas acinzentadas no ânus e na vulva.
Além disso, também é comum que eles apresentem dores nos ossos, que muitas vezes são demonstradas quando a criança se nega a mover o membro dolorido.
Diagnóstico e tratamento
Para fazer o diagnóstico de sífilis congênita, o médico avalia a história clínico-epidemiológica da mãe, além de fazer um exame físico do bebê e solicitar testes, que podem ser radiológicos e/ou laboratoriais.
A infecção é tratada com o uso de medicamentos. A penicilina cristalina ou procaína são as opções disponíveis e o profissional de saúde avalia qual deles é o mais adequado para o caso. Normalmente, a terapêutica dura 10 dias.
O tratamento da sífilis deve ser o mais precoce possível. Por isso, é importante que a mulher grávida realize exames rotineiros nos três trimestres da gestação, durante o acompanhamento pré-natal. O tratamento dos parceiros é tão importante quanto o das gestantes, pois não existe imunidade para a doença e os casos de reinfecção não são raros.
Na internação na maternidade, a testagem da mulher para sífilis com teste rápido deve ser rotineiramente realizada. Para tratar a gestante, a penicilina é a droga de escolha. Não há garantias de que outros medicamentos consigam tratar a gestante e o feto.
Para gestantes com alergia confirmada à penicilina, o procedimento necessário inclui a dessensibilização e o tratamento com penicilina benzatinacristalina. Caso não seja possível realizar a dessensibilização durante a gestação, a grávida deverá ser tratada com ceftriaxona.
No entanto, para fins de definição de caso e abordagem terapêutica da sífilis congênita, este último caso é considerado tratamento inadequado da mãe, e o recém-nascido deverá ser avaliado clínica e laboratorialmente.
Prevenção
A principal forma de prevenção é utilizar o preservativo durante as relações sexuais, evitando, assim, a transmissão da sífilis para a mãe e, consequentemente, que ela seja transmitida ao feto por meio da circulação sanguínea.
Como você viu no início deste texto, a sífilis congênita é disseminada ao bebê quando a gestante não faz o tratamento ou ele é realizado incorretamente. Por isso, a recomendação é, além de se prevenir, testar-se durante a gestação.
A indicação do Ministério da Saúde é que os testes sejam feitos em, pelo menos, três ocasiões da gravidez:
- No primeiro trimestre;
- No terceiro trimestre;
- No parto ou em casos de aborto.
Nos casos em que a criança é exposta à sífilis não tratada da mãe ou cujo tratamento não foi adequado, é necessário fazer uma investigação com amostras de sangue, avaliação neurológica, raio-x, entre outros testes. Em determinadas situações, uma internação, muitas vezes prolongada, é solicitada pelo profissional.
Mesmo os recém-nascidos expostos à infecção de gestantes que realizaram o tratamento corretamente devem ser avaliados para que a sífilis congênita seja descartada.
Saiba tudo sobre o pré-natal
O pré-natal é fundamental para a saúde da gestante e do bebê. Embora o teste de sífilis seja um dos exames mais importantes durante esse processo, são diversos os procedimentos necessários para garantir uma gravidez saudável.
Esse é um assunto muito importante e, por isso, o Viver Bem elaborou alguns artigos especiais que vão tirar as suas dúvidas sobre o pré-natal. Acesse agora:
- Importância do pré-natal para a saúde da mãe e do bebê
- Perguntas sobre pré-natal: o que você deve perguntar ao obstetra?
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