Como lidar com o luto? Dicas para enfrentar a perda de uma pessoa querida
22/07/2021
Atualizado em 21/11/2022
As perdas, infelizmente, fazem parte da vida. Mas como lidar com o luto? Entenda como enfrentar a perda de uma pessoa querida e cuidar da saúde mental.
6 min de leitura
Perder um ente querido, infelizmente, faz parte do processo natural da vida. Embora essa seja uma realidade, muitas pessoas encontram dificuldades nesse momento e não sabem como lidar com o luto.
Isso ficou ainda mais evidente durante a pandemia da COVID-19, em que perdemos muitas vidas em um curto espaço de tempo. Além disso, muitas vezes uma despedida sequer foi possível em razão dos protocolos.
Neste artigo, vamos falar sobre o assunto, trazendo algumas orientações para o enfrentamento desse momento delicado, além de dicas sobre como lidar com o luto.
A dor da perda de um ente querido
Quando alguém que amamos adoece por um longo período ou está em idade avançada, de certo modo, a família já começa a se preparar para más notícias. Mas, quando a morte é repentina e inesperada, assimilar a perda se torna mais difícil.
Durante a pandemia do novo coronavírus, isso ficou ainda mais evidente por se tratar de uma doença grave, de rápida evolução e que acomete várias faixas etárias. Milhões de pessoas enfrentaram — e ainda enfrentam — a dor da perda pela COVID-19.
Em razão da alta quantidade de brasileiros enlutados em meio à crise sanitária, foi criado um grupo de apoio às pessoas que perderam alguém na pandemia, a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico Brasil).
O auge da pandemia, ao que tudo indica, ficou para trás. A dor da perda, no entanto, continua sendo um desafio diário.
Como lidar com o luto: entenda esse processo
É importante compreender que, sempre que nos sentimos ameaçados, buscamos alternativas que nos ajudem a resgatar alguma sensação de segurança e cuidado. É a partir dessas experiências que formamos nossos vínculos, que são relações que estabelecemos e que podem se tornar contínuas e ser muito significativas.
Quando experimentamos o rompimento de um vínculo significativo, a partir da vivência de uma perda, é natural sentirmos insegurança, tristeza, pesar, revolta, entre outras reações. Essa reação dolorosa à perda é uma experiência universal, subjetiva, individual e esperada, e a ela damos o nome de luto.
É muito frequente a crença de que só ficamos enlutados pela morte de alguém, mas isso não é verdade. Podemos ficar enlutados pela perda de um emprego, por um divórcio, pela perda da saúde e pela perda da rotina, por exemplo. A dor da perda não causa somente tristeza e saudades.
A notícia da morte de alguém nos coloca diante de um fato novo: conviver com a ausência. Para algumas pessoas, a assimilação dessa nova realidade demora a acontecer. Trata-se de um processo individual de dor e pesar e, portanto, cada um o sente e lida com ele de uma forma diferente. Há quem prefira adiar ao máximo o sofrimento, evitando lembranças, assim como também há quem escolha ficar perto de objetos para amenizar a ausência.
Alterações provocadas pelo luto na rotina
O luto provoca alterações e traz alguns sinais observáveis. Entre eles, destacam-se:
- Dificuldades de concentração em atividades rotineiras, confusão, alterações de memória;
- Irritabilidade;
- Alteração do sono;
- Insegurança;
- Sentimentos de choque, raiva, desesperança, desamparo, medo, hostilidade, culpa;
- Fadiga, baixa energia;
- Dor de cabeça, dores no estômago, palpitação;
- Perda do interesse sexual;
- Alteração do apetite;
- Dificuldades de relacionamento, perda de vontade de falar com outras pessoas;
- Conflitos com as crenças pessoais;
- Sensação de perda de memória.
A forma como o luto se expressa está diretamente ligada à história de vida pessoal, à cultura, à religião e aos mecanismos emocionais de enfrentamento de cada um. Na maior parte dos casos, as pessoas, cada uma em seu tempo, descobrem um modo de assimilar e lidar com as mudanças na rotina, nas relações e nos projetos de vida ocorridos desde o momento da perda.
Felizmente, conseguem se reorganizar, adaptando-se à realidade da perda ocorrida, restabelecendo o senso de segurança e construindo uma maneira diferente de viver.
Existem alguns fatores de proteção que contribuem para a elaboração saudável do processo do luto, e alguns fatores de risco que influenciam no surgimento de um processo de luto complicado, no qual as características do enlutamento podem ser vividas com maior intensidade, dificultando o funcionamento da vida (não do mesmo modo como antes) ou fazendo com que fique paralisada.
Outras manifestações de complicações são as reações estarem ausentes, como se o sujeito não tivesse vivido nenhuma perda, ou serem vividas tardiamente, tendo o enlutado maior dificuldade de restabelecimento da segurança e adaptação após a perda.
Como lidar com o luto? Veja 5 dicas
À medida que o luto vai sendo elaborado e nossas memórias de experiências com a pessoa falecida vão sendo integradas de modo positivo, podemos experimentar uma sensação de que a vida continua e que foi possível construir novos significados para ela.
Em alguns momentos, estaremos com todo o gás para construir novos projetos e seguir e, em outros, poderemos sentir a tristeza e a saudade de tudo o que perdemos e daqueles que se foram, lembrando os momentos importantes vividos.
Oscilar nesses dois movimentos sinaliza um processo de luto adaptativo, saudável e necessário, em que a dor da perda existe, porém não nos toma por completo e não é avassaladora, como também não é sufocada ou impedida de aparecer.
Algumas perdas mudam toda a dinâmica de vida do enlutado. Uma mulher que perde o seu marido, por exemplo, passa a ter que dormir sozinha na mesma cama que dividia com o companheiro pouco tempo antes. Essa nova realidade pode ser extremamente dolorosa e até traumática.
Por isso, em muitos casos, é necessário buscar ajuda profissional para lidar com a perda e também contar com uma rede de apoio formada por amigos e familiares para amenizar a ausência do ser amado.
Saiba como lidar com o luto:
1. Evite se isolar
Conte com amigos, familiares e pessoas em quem você confia para te fazer companhia neste momento de luto. Claro que os momentos solitários também são necessários para assimilar a perda, mas procure manter próximas as pessoas que fazem parte da sua rede de apoio e poderão te dar todo o suporte necessário neste processo.
2. Vivencie o luto
Tente não conter suas emoções, isso pode contribuir para prolongar o período de luto. Permita-se expressar a sua dor e os seus sentimentos neste momento.
3. Faça um rito de despedida
Os rituais de despedida são considerados grandes aliados no processo de elaboração do luto, pois permitem que os indivíduos encontrem espaços protegidos e, normalmente, “autorizados” para expressarem sofrimentos e sentimentos.
Eles possibilitam que as pessoas possam marcar a perda, façam homenagens para o falecido, se despeçam, busquem apoio emocional e social mútuo no encontro com amigos e familiares, além de ajudar o enlutado a dar um sentido à perda e trazer certa previsibilidade através dos seus elementos tradicionais e familiares.
Em contrapartida, muitas questões características de uma pandemia são consideradas fatores de risco para o luto, como a morte repentina e inesperada, a impossibilidade de estar próximo ou de se despedir presencialmente do familiar que ficou hospitalizado, o distanciamento social, a alteração dos rituais de despedida, como os velórios, dificuldades financeiras e perdas sucessivas.
4. Não se sinta culpado por seguir a vida
Em alguns casos, pessoas enlutadas demoram a retomar a rotina por se sentirem culpadas. É importante respeitar o seu tempo e processo de luto, mas também retomar as atividades rotineiras, mesmo que gradativamente.
Pense em como o seu ente querido gostaria que você estivesse e busque fazer coisas que te façam bem. Isso também ajuda a amenizar a tristeza.
5. Não hesite em buscar ajuda
Vivenciar a perda de alguém que amamos traz, de fato, dores e até mudanças de perspectiva. Mas, se perceber que este processo está se prolongando demais e prejudicando áreas importantes da sua vida, busque ajuda psicológica.
Embora seja um processo natural e inevitável, a morte ainda é um tabu para muitas pessoas. Falar sobre ela e normalizar esse assunto também ajuda a enfrentar melhor o período de luto.
O nosso mundo foi transformado e a maneira de reagirmos a tudo isso também. É cuidando uns dos outros que nos fortaleceremos e seguiremos adiante!
Lembre-se de cuidar da saúde mental
Agora que você entendeu como lidar com o luto, é importante se aprofundar em um assunto relacionado ao tema: os cuidados com a sua saúde mental.
Muitas vezes, falamos sobre os cuidados com o corpo, que são fundamentais, mas não se pode esquecer da mente. Ela está diretamente associada ao nosso bem-estar e qualidade de vida.
O Viver Bem preparou um artigo especial sobre esse assunto, trazendo muitas dicas sobre saúde mental, a definição desses cuidados e outros pontos que podem ajudá-lo a lidar com esse momento difícil. Acesse:
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