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10 respostas sobre a endometriose: sintomas, causas e tratamento

Prevenção e Controle

14/11/2023

Atualizado em 06/06/2025

A endometriose é uma doença crônica que atinge uma em cada dez mulheres. Informe-se, neste artigo do Viver Bem, sobre a condição.

6 min de leitura

10 respostas sobre a endometriose: sintomas, causas e tratamento

A endometriose é um dos problemas relacionados à saúde feminina que mais afetam diretamente a qualidade de vida das mulheres, especialmente pelo desconforto causado por seus sintomas e por suas possíveis complicações.

Segundo o Ministério da Saúde, entre 5% e 15% das mulheres em idade reprodutiva sofrem com essa condição no Brasil.

O Viver Bem, portal de saúde da Unimed-BH, vai tirar todas as suas dúvidas e explicar, neste artigo, o que é a endometriose, quais são as manifestações mais comuns, como é feito o diagnóstico e o tratamento, entre outros detalhes.

 1. O que é endometriose?

A endometriose é uma doença benigna, caracterizada pela presença, fora do útero, de tecido semelhante ao endométrio que é o tecido que reveste a cavidade uterina e descama nas menstruações.

A endometriose afeta a saúde de muitas mulheres e costuma causar dor na região pélvica e dificuldade para engravidar.

Hoje em dia, a endometriose chama atenção porque é comum e pode afetar bastante a qualidade de vida das mulheres em idade fértil.

A condição pode levar ao desgaste físico e mental das pacientes acometidas, especialmente devido a dificuldades até se chegar ao diagnóstico preciso e a demora entre o início dos sintomas até a confirmação da doença.

LEIA TAMBÉM: Saúde da mulher: como cuidar de cada fase da sua história

2. Quais são as causas da endometriose?

A causa da endometriose ainda não é totalmente conhecida, mas envolve alterações hormonais, inflamatórias, imunológicas, genéticas e ambientais. Não há maneiras eficazes de evitar o desenvolvimento da doença.

Outra particularidade da doença que chama a atenção é que há três tipos de endometriose:

  • Superficial: Lesões pequenas e superficiais, geralmente encontradas na superfície do peritônio (camada que reveste a cavidade abdominal).
  • Ovariana (Endometrioma): Lesões que se desenvolvem nos ovários, formando cistos que podem ser preenchidos por líquido escurecido, também conhecidos como “cistos de chocolate”.
  • Profunda: Lesões mais profundas, que podem infiltrar órgãos adjacentes, como o intestino, a bexiga, a vagina e o útero, causando aderências e alterações anatômicas.

Os três tipos podem estar presentes em uma mesma mulher, que pode possuir sintomas variados.

Outras Classificações: Além da classificação morfológica, a endometriose também pode ser classificada em estágios de acordo com a intensidade da doença, que vão desde a mínima (estágio I) até a grave (estágio IV). Essa classificação ajuda a determinar o melhor tratamento e a prever o prognóstico da paciente.

3. Como posso saber se tenho endometriose?

O diagnóstico da endometriose ainda representa um desafio aos ginecologistas, uma vez que os sintomas muitas vezes são inespecíficos.

Os sintomas da endometriose podem variar dependendo do tipo e do estágio da doença. Alguns sintomas comuns são:

  • Dores pélvicas;
  • Cólicas menstruais intensas;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Sangramento menstrual abundante;
  • Infertilidade;
  • Alterações intestinais.

Além disso, cerca de 25% das mulheres não apresentam qualquer sintoma.

O diagnóstico de endometriose é um processo que geralmente começa com a avaliação clínica e sintomas da paciente, seguida por exames complementares que podem confirmar a presença da doença e determinar a sua extensão.

O diagnóstico precoce, cujo objetivo é evitar a progressão da doença, assim como consequências mais graves para saúde da mulher, é fundamental.

Endometriose: sintomas, causas e tratamento

4. Qual o melhor tratamento para mulheres com endometriose?

O tratamento da endometriose pode variar dependendo do tipo e do estágio da doença, podendo incluir medicamentos para controlar os sintomas e cirurgias para remover as lesões.

 A escolha da modalidade de tratamento depende da presença e do tipo de sintomas, assim como do desejo de engravidar ou não.

Independente da modalidade terapêutica escolhida, o objetivo principal é o alívio da dor, a obtenção de gravidez (caso desejado) e a prevenção do retorno da doença.

Embora haja inúmeros estudos na literatura médica, os achados são contraditórios e inconclusivos. A melhor abordagem terapêutica para a endometriose ainda não foi estabelecida.

5. Qual a relação entre a infertilidade e a endometriose?

A endometriose pode afetar a capacidade reprodutiva de várias maneiras.

O processo inflamatório pélvico pode resultar em obstrução das trompas, interferir na ovulação, no transporte dos gametas (óvulo e espermatozoide) e na implantação do embrião no útero.

Os estudos, todavia, ainda não estabeleceram a relação exata pela qual a endometriose provoca infertilidade.

6. Toda mulher portadora de endometriose é infértil?

Não. Alguns estudos demonstraram que a endometriose pode estar presente em mulheres férteis, embora a incidência de endometriose nestas seja bem menor quando comparada às inférteis.

Estima-se que a endometriose esteja presente em 10% das mulheres, mas, nas inférteis, esse índice pode chegar em até 50%.

7. Quais os tratamentos disponíveis para mulheres inférteis com endometriose?

Existem diferentes formas de tratamento para a endometriose. Como não há uma única recomendação para casos de infertilidade, cada mulher deve receber um cuidado personalizado, de acordo com sua situação.

Nesse caso, leva-se em consideração a idade da mulher e o tempo de infertilidade, além da existência de outros cofatores (infertilidade masculina).

Os tratamentos disponíveis são:

  • Cirurgia (Videolaparoscopia) para remoção das lesões
  • Indução da ovulação e orientação de coito;
  • Indução da ovulação e inseminação intrauterina (IIU)
  • Fertilização in vitro

8. Como deve ser o tratamento cirúrgico da endometriose?

Uma avaliação detalhada antes da cirurgia ajuda a identificar onde a endometriose está localizada, o que permite planejar melhor o procedimento e evitar possíveis complicações durante a operação.

A decisão sobre a realização de tratamento clínico ou cirúrgico depende dos sintomas apresentados, assim como do desejo reprodutivo, da idade da paciente e das características das lesões (localização e gravidade da doença).

O objetivo da cirurgia é remover todos os focos visíveis e/ou palpáveis de endometriose em uma única cirurgia (one shot surgery) melhorando a dor, a qualidade de vida e a fertilidade.

9. O que é endometriose profunda e como deve ser tratada?

A endometriose profunda infiltrativa (EPI) é uma forma especial de endometriose que apresenta uma associação forte com a dor pélvica e com dor durante a relação sexual.

A condição pode comprometer gravemente a qualidade de vida e a vida sexual das mulheres, assim como causar infertilidade. Além disso, pode acometer o trato urinário e os intestinos.

As opções de tratamento incluem a suspensão da menstruação através do uso de medicação hormonal: pílula combinada ou de progesterona, implante hormonal ou DIU hormonal e a remoção cirúrgica das lesões.

Tratamento da endometriose profunda infiltrativa

O tratamento hormonal é indicado para mulheres que não desejam engravidar e que não apresentam risco de obstrução no intestino ou nas vias urinárias. Apesar de ser considerado seguro, ele pode não funcionar bem ou não ser bem tolerado por cerca de 30% das pacientes.

Entre os efeitos colaterais mais comuns estão o sangramento irregular, dores de cabeça e mudanças na libido.

Já o tratamento cirúrgico costuma ser eficaz no alívio da dor, especialmente quando realizado por uma equipe multidisciplinar especializada. Como cada caso é único, a avaliação individualizada é essencial. O principal objetivo do tratamento deve ser sempre o controle dos sintomas e a melhora na qualidade de vida.

É importante lembrar que a endometriose é uma condição crônica e que não tem cura definitiva. Por isso, sempre que possível, é recomendado priorizar os tratamentos clínicos, evitando múltiplas cirurgias que nem sempre garantem o alívio da dor.

Além disso, outras causas de dor pélvica como a constipação intestinal e a síndrome do intestino irritável também devem ser investigadas e tratadas, quando presentes.

 10. A endometriose pode voltar mesmo após o tratamento cirúrgico?

 A endometriose é uma doença benigna e, até o momento, sem cura. Deve, portanto, ser entendida como uma doença crônica e, dessa forma, é fundamental ter um planejamento a longo prazo.

Embora a melhor abordagem terapêutica para a endometriose ainda não tenha sido estabelecida, a cirurgia associada ao tratamento medicamentoso permanece como opção principal. 

A cirurgia em geral é conservadora, ou seja, opta-se por manter o útero e os ovários, visto que a maioria das mulheres está em idade reprodutiva e muitas ainda não tiveram filhos ou são inférteis.

Estudos mais recentes indicam que os sintomas da endometriose podem retornar em até 21,5% dos casos dois anos após a cirurgia, e em cerca de 40% após cinco anos. Esse retorno pode impactar negativamente a qualidade de vida e a fertilidade das pacientes.

Estima-se que até metade das mulheres necessite de novas cirurgias e 27% são submetidas a três ou mais operações. Assim, pacientes em tratamento da dor, bem adaptadas à medicação, devem estar em acompanhamento médico periódico.

Cerca de 15% das pacientes assintomáticas em uso de tratamento adequado podem apresentar aumento do nódulo endometriótico em casos de endometriose profunda.

A suspensão deste tratamento tem justificativa apenas com propósito de liberar a paciente para engravidar ou diante da intolerância ou contraindicação formal ao uso da medicação.

A importância dos cuidados preventivos para a mulher

Agora que você aprendeu um pouco mais sobre a endometriose, assista também ao vídeo da doutora Kerstin Kapp, mastologista cooperada da Unimed-BH.

Ela aborda a importância da saúde da mulher e como a prevenção e o rastreamento do câncer de mama podem fazer a diferença.

Vamos entender como manter a saúde em dia pode transformar vidas e proporcionar bem-estar. Confira:

Dra. Márcia Mendonça Carneiro
Por Dra. Márcia Mendonça Carneiro

Ginecologista – Médica Cooperada da Unimed-BH 

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