Vacinas na adolescência (11 a 19 anos): imprescindíveis na puberdade
04/05/2021
Confira quais são as principais vacinas para adolescentes e entenda quando e como tomar cada uma delas.
9 min de leitura
A puberdade é uma fase de amadurecimento: um período de transição no desenvolvimento físico e psicológico para a entrada na fase adulta. Para vivenciá-la de modo promissor e assegurar a saúde nas próximas etapas da vida, as vacinas para adolescência são fundamentais.
Na infância, as crianças são vistas periodicamente pelos pediatras. Já os adolescentes, apesar dos riscos de algumas doenças, consultam menos os médicos que outros grupos etários.
Mas atenção: diferente do que se pensa, a atenção com as vacinas na adolescência deve ser mantida. Os adolescentes, considerados entre 11 e 19 anos, devem visitar os médicos periodicamente e ficar de olho no calendário de vacinação para adolescência.
Você conhece ou costuma acompanhar esse cronograma?
Vacinas para adolescência: entenda a imunização nesta fase
A imunização adequada é fundamental para garantir a saúde: além de prevenir doenças, a vacinas para adolescência – isto é, aplicadas neste público – também evitam o surgimento de problemas no futuro.
Assim como as crianças, os adolescentes também possuem um calendário de vacinação. Esse documento reúne informações da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e é um importante guia para acompanhar quais vacinas devem ser aplicadas e entender as recomendações de cada uma.
Se você tem dúvidas sobre o tema, ficar de olho no cronograma é uma maneira didática de entender a imunização nesse período. Um exemplo prático é este calendário de imunização recomendado para a puberdade criado pela SBIm.
Importância da vacinação na adolescência
A vacinação na adolescência garante dois cuidados fundamentais. O primeiro é reforçar a dose de vacinas já aplicadas anteriormente, como é o caso da tríplice viral, para garantir que os anticorpos continuem em níveis ideais para proteção.
O segundo é assegurar a proteção contra doenças cujas vacinas só podem ser ministradas a partir desta fase da vida. É o que acontece com a vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano), indicada para crianças do sexo feminino e masculino entre 9 e 14 anos.
Agora que você já compreendeu a importância da vacinação na adolescência e já conhece o calendário de vacinação para adolescentes, continue a leitura do artigo e entenda, de forma mais detalhada, quais antídotos são recomendados.
Quais as vacinas que os adolescentes devem tomar?
Para quem se pergunta quais as vacinas que os adolescentes devem tomar, saiba que o calendário de imunização indica mais de dez diferentes vacinas para a puberdade.
Elas vão das mais comuns, como a vacina contra a dengue, até imunizantes específicos para esse período, como contra o HPV. Em todos os casos, é essencial considerar o histórico vacinal do jovem para definir as vacinas necessárias e os esquemas de doses.
Confira abaixo a relação completa de vacinas para adolescência:
1. Vacina Herpatite B
O que previne?
Infecção do fígado (hepatite) causada pelo vírus da hepatite B.
Recomendação
Indicada para pessoas de todas as faixas etárias.
Como funciona o esquema de doses?
Para crianças mais velhas, adolescentes e adultos não vacinados no primeiro ano de vida, o Programa Nacional de Imunização (PNI), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) recomendam três doses da imunização.
Deve haver o intervalo de um ou dois meses entre primeira e a segunda dose e um espaço de tempo de seis meses entre a primeira e a terceira. A vacina de Hepatite B está disponível tanto na rede pública quanto na privada.
2. Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP ou dupla adulto (difteria e tétano) – dT:
O que previne?
Difteria, tétano e coqueluche
Quais as indicações?
A vacina é indicada para quem não iniciou ou não finalizou as aplicações do esquema contra difteria e tétano até os sete anos de vida. Também é recomendada como dose de reforço a cada dez anos e pode ser encontrada na rede pública de saúde.
Como funcionam as doses?
Dê preferência, se possível, à tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) em relação à Dupla adulto. Isso porque a primeira também previne a coqueluche, além da difteria e tétano.
O uso da vacina dTpa, em substituição à dT, para adolescentes, objetiva, além da proteção individual, a redução da transmissão da Bordetella pertussis. Para crianças a partir de sete anos de idade, adolescentes e adultos, a recomendação funciona da seguinte maneira:
- Quem já completou o esquema contra o tétano deve tomar uma dose de reforço a cada dez anos.
- Se o esquema vacinal contra o tétano estiver incompleto, deve-se aplicar uma dose de dTpa a qualquer momento, seguida de uma ou duas outras doses da dT (a quantidade varia de acordo com o que é preciso para finalizar o esquema). Assim que a vacina estiver aplicada, deve-se manter a recomendação de uma deve-se a cada dez anos.
- Se o histórico vacinal é desconhecido ou a vacina nunca foi aplicada, deve-se tomar uma dose de dTpa a qualquer momento. Em seguida, é necessário tomar as duas outras doses da dT, obedecendo o intervalo de tempo indicado entre as aplicações.
3. Vacina influenza (gripe)
O que previne?
Atua prevenindo a infecção pelo vírus Influenza (que causa a gripe).
Recomendação:
Indicada para todas as pessoas a partir de seis meses de vida, principalmente aquelas que apresentam maior risco para infecções respiratórias – que podem ter complicações ou a forma grave da doença.
Como funciona o esquema de doses?
A vacina é aplicada em uma dose única anual e deve ser ministrada a partir dos nove anos de idade. O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece a vacina de Influenza trivalente (3V) para os grupos de risco.
Para quem optar, o serviço de saúde privado oferece a vacina influenza quadrivalente (4V), que confere maior cobertura das cepas circulantes.
4. Vacina tríplice viral (VTV, MMR)
O que previne?
Sarampo, caxumba e rubéola.
Recomendações:
Indicada para crianças, adolescentes e adultos.
Como funcionam as aplicações?
A SBIm considera protegido todo indivíduo que tomou duas doses na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses de idade.
Para crianças com mais idade, adolescentes e adultos não vacinados ou sem comprovação de doses aplicadas, a SBIm recomenda a aplicação de duas doses, respeitando o intervalo de um a dois meses entre elas.
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a aplicação é feita em duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos e em uma dose para adultos entre 30 e 59 anos.
Eventualmente, em caso de surtos, o Ministério da Saúde (MS) pode realizar campanhas de vacinação para pessoas a partir de 6 meses de vida. Mas atenção: essa dose “extra” não substitui as duas doses recomendadas no esquema de vacinação.
Nas redes privadas de saúde, a tríplice viral está disponível para crianças, adolescentes e adultos de qualquer idade.
5. Vacina HPV (Papiloma Vírus Humano)
O que previne?
A vacina contra HPV previne Infecções persistentes e lesões pré-cancerosas causadas pelos tipos de HPV 6, 11, 16 e 18 (HPV4). Ela também evita os câncer de colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus e verrugas genitais (condiloma).
Quais as indicações?
A vacina é indicada para crianças do sexo feminino e masculino de 9 a 14 anos de idade em dose única.
Além dessas indicações, a vacina também se destina a homens e mulheres que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos; além de vítimas de abuso sexual de 09 a 45 anos e pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PPR) a partir de 1 ano.
Como funcionam os esquemas de doses?
A recomendação das doses varia de acordo com a idade de início da vacinação. Para início da vacinação de crianças do sexo feminino e masculino de 09 a 14 anos, o esquema é de dose única.
Já vítimas de abuso sexual, na faixa etária de 9 a 14 anos, possuem recomendação de duas doses da vacina HPV. De 15 a 45 anos, a recomendação é de três doses, considerando o histórico vacinal contra o HPV. Pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PPR), a partir de 1 ano de idade, devem receber três doses da vacina. Para esses grupos, a vacina deve ser administrada mediante prescrição médica e o intervalo entre as doses deve ser confirmado na Unidade de Saúde.
A vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde. Pacientes oncológicos em tratamento com radioterapia ou quimioterapia podem ser vacinadas nos Centros de Saúde ou nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
6. Vacina Febre amarela
O que previne?
Febre amarela
Qual a indicação?
Recomendada para pessoas a partir de nove meses de idade.
Como funcionam as doses?
Em crianças de até quatro anos, deve-se aplicar duas doses: uma aos nove meses e outra aos quatro anos de idade. Para crianças acima dessa faixa etária, não há consenso sobre a duração da proteção. De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada pela possibilidade de falha vacinal.
Importante lembrar: o Ministério da Saúde usou em 2018 doses fracionadas como forma de conter o surto vigente na ocasião. A estratégia é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como segura e eficaz.
A vacina de febre amarela pode também ser recomendada para atender a exigências sanitárias de algumas viagens internacionais. Nestes casos, é importante vacinar até dez dias antes da viagem.
7. Vacina Meningite meningocócica C conjugada
O que previne?
Doenças causadas pelo meningococo C (incluindo meningite e meningococcemia).
Quais as indicações?
Essa vacina é recomendada para crianças e adolescentes; para adultos e idosos com condições que aumentem o risco para a doença meningocócica ou de acordo com a situação epidemiológica; e para viajantes com destino às regiões onde há maior risco da doença.
Como funcionam as aplicações?
A SBIm recomenda que a vacina meningocócica conjugada quadrivalente (ACWY) seja preferida para crianças, adolescentes e adultos, visto que protege contra três outros tipos de meningococos, além do C.
Em crianças, a imunização deve ser iniciada aos três meses de idade, com aplicação de duas doses no primeiro ano de vida e reforços entre 12 e 15 meses, entre 5 e 6 anos e aos 11 anos de idade.
A vacinação em adolescentes é oferecida entre os 11 e 12 anos (como reforço ou dose única, a depender da situação vacinal). Tanto para os adolescentes quanto para as crianças entre três meses e cinco anos de idade, a vacina é disponibilizada nas UBS.
Na rede privada, o imunizante está disponível para bebês a partir dos dois meses, adolescentes e adultos.
Pessoas que têm alguma condição clínica específica de risco para a doença podem contar com os Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) para receber a vacina.
8. Vacina Meningite meningocócica conjugada ACW135Y
O que previne?
Meningites e infecções generalizadas (doenças meningocócicas) causadas pela bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y.
Quais as indicações?
A vacina é recomendada para crianças a partir de 2 meses e adolescentes; para adultos e idosos com condições que aumentem o risco para a doença meningocócica ou de acordo com a situação epidemiológica; e para viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
Como funciona o esquema de doses?
As Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam o uso frequente dessa vacina para crianças e adolescentes. Na impossibilidade de usar a vacina ACWY, deve-se utilizar a vacina meningocócica C conjugada.
A vacina em adolescentes que nunca receberam a meningocócica conjugada ACWY deve ser aplicada em duas doses, com intervalo de cinco anos entre elas. A imunização está disponível nas UBS para adolescentes de 11 e 12 anos. Para os demais casos, deve-se recorrer à rede privada.
Opções de vacinação na rede particular
A vacinação particular é uma alternativa para aqueles que desejam aumentar ainda mais a cobertura para alguns patógenos, reduzir em alguns casos as reações a vacinas e ter acesso à vacinação quando não for disponibilizada pelo SUS.
9. Meningite meningocócica tipo B recombinante
O que previne?
Meningites e infecções generalizadas (doenças meningocócicas) causadas pela bactéria meningococo do tipo B.
Quais as indicações?
A vacina contra a meningite meningocócica tipo B é indicada para crianças e adolescentes, conforme recomendações das sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e Imunizações (SBIm).
Ela também é recomendada para adultos com até 50 anos, dependendo do risco epidemiológico; para viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença; e para pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco de desenvolver a doença meningocócica.
Como funcionam as aplicações?
A SBP e a SBIm recomendam que a vacinação em adolescentes seja feita com aplicação de duas doses, com intervalo de um a dois meses entre elas.
10. Vacina combinada hepatite A e B
O que previne?
Infecções do fígado (hepatites) causadas pelos vírus da hepatite A e hepatite B.
Quais as indicações?
A vacina combinada é recomendada para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos. É uma boa opção para adolescentes que não foram vacinados contra as duas hepatites e pode substituir a vacina isolada para as hepatites A e B.
Como funciona o esquema de doses?
Para crianças a partir de um ano e adolescentes menores de 16 anos, a vacina deve ser aplicada duas doses, com intervalo de seis meses. Adolescentes com mais de 16 anos, adultos e idosos devem receber três doses do imunizante, sendo a segunda aplicada um mês após a primeira, e a terceira, cinco meses após a segunda.
11. Vacina varicela (catapora)
O que previne?
Varicela (catapora).
Quais as indicações?
Todas as crianças, adolescentes e adultos suscetíveis (que ainda não tiveram catapora) devem ser vacinados com um esquema de 2 doses.
A vacina em adolescentes menores de 13 anos deve atender ao intervalo de três meses entre uma dose e outra. A partir de 13 anos, o intervalo de um a dois meses é suficiente.
O SUS oferece a vacina de Varicela para crianças no esquema vacinal de 2 doses (primeira dose com 15 meses de idade e reforço aos quatro anos). Para os adolescentes, a vacina pode ser encontrada na rede privada.
12. Vacina dengue
O que previne?
Infecção causada pelos quatro sorotipos de dengue: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4. A eficácia na prevenção da doença é de 65,5%; na prevenção de dengue grave e hemorrágica é de 93% e de internação é de mais de 80%.
Quais as indicações?
A vacina está licenciada para crianças a partir dos nove anos de idade, adolescentes e adultos até 45 anos. Ela é recomendada apenas para quem já teve a doença, e a sugestão é avaliar com seu médico a indicação da vacina.
Como funcionam as aplicações?
De forma geral, a vacina para adolescência e para as demais pessoas deve ser aplicada em três doses, com intervalo de seis meses entre cada aplicação.
E não se esqueça: para definir vacinas e esquemas de doses na adolescência, deve-se considerar o passado vacinal!
Para todas as vacinas na adolescência, existem questões importantes que devem ser observadas, como contra indicações, cuidados antes, durante e após a vacinação e possíveis efeitos e eventos adversos.
Além disso, existem recomendações específicas para grupos especiais. Portanto, é muito importante o acompanhamento e a orientação da equipe de saúde em todos os casos.
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