Fome emocional e fome física: como desvincular o comer das emoções?
25/02/2021
Emoções podem estragar dietas. Ou serem grandes aliadas para vencer a compulsão alimentar. Afinal, você tem fome de quê?
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Você costuma identificar suas emoções ao longo do dia? Consegue visualizar como elas impulsionam atitudes ou decisões do seu cotidiano? Até na hora de comer, se questionar é essencial para avaliar se a fome emocional interfere em seu apetite rotineiro.
De acordo com o médico e psiquiatra Eric Berne, raiva, medo, tristeza, alegria e afeto são as 5 emoções básicas do ser humano. As três primeiras podem impactar sua saúde, enquanto a alegria e o afeto relacionam-se também ao hábito cultural de ofertar comida como um gesto de hospitalidade e aconchego.
Dito assim, parece óbvio nomear sentimentos e reconhecer emoções atreladas à alimentação, mas não é tão fácil quanto parece. Sobretudo em situações complexas, é recorrente buscar em alimentos o prazer imediato, próximo e acessível.
É o seu caso? Então saiba tudo sobre fome emocional e fome física e como desvincular as emoções dos hábitos alimentares.
Fome emocional: o que é?
Mais importante do que saber o que é fome emocional é adquirir o costume de se perguntar, sempre antes das refeições, há quanto tempo está sem comer ou por que está comendo. Adotar este comportamento pode ser crucial para desvencilhar necessidades do corpo da simples vontade de comer algo específico.
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Você tem fome de quê?
Como dizem os Titãs: “Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?” O ‘quê’ da música pode ser a resposta que vai ajudar você a identificar se sente fome física ou emocional. Uma pessoa faminta emocionalmente deseja alimentos peculiares, como doces e carboidratos. Tais desejos são imediatos, como se essas opções fossem as únicas capazes de saciar sua fome.
Já ao sentir fome física, o organismo se satisfaz com alimentos variados, incluindo os mais saudáveis, como frutas, grãos ou proteínas. Por isso é tão importante diferenciar o que é fome e o que é alimentação por aconchego (fome emocional) quando o sintoma de ansiedade aparece disfarçado de sorvete ou frituras – principalmente se ele surge quando você acabou de fazer uma refeição.
Fome física ou emocional: como distinguir?
Você percebeu a principal distinção entre fome física e fome emocional. Esta última é urgente e surge como vontade ou desejo que você não consegue tirar da mente. Enquanto fome física é sentida no estômago, com fincadas ou barulhos característicos que começam aos poucos e aumentam gradualmente.
Outro ponto relevante que indica o nível de ansiedade é devorar alimentos que você anseia sem ter tempo de pensar. Normalmente, a fome emocional induz à ingestão mais rápida, sem degustar, sem apreciar a comida direito. É comer compulsivamente.
Além de comer rápido, sem pensar, e de exagerar na dose, este imediatismo leva a escolhas pouco nutritivas, mais práticas e nada saudáveis, podendo gerar culpa logo após a ingestão.
Se a fome é física, há consciência ao comer e, portanto, maior facilidade em sentir saciedade e parar quando o estômago está cheio. E menores são as chances de sentir culpa, pois a pessoa sabe que comeu para sanar uma necessidade do corpo, não por impulso de ansiedade.
Como vencer a compulsão alimentar?
No início deste artigo, você leu sobre as emoções básicas do ser humano, mas existem muitas outras. Em geral, emoções e sentimentos negativos compõem a fome emocional e esta, por sua vez, pode constituir ou englobar, entre outros sinais, a compulsão alimentar.
Para aprender como vencer a compulsão alimentar, é decisivo estar ciente sobre as razões que desencadeiam fortes desejos por comidas específicas e levam a exagerar na quantidade.
Uma dica simples e eficaz é anotar o que ingere em uma espécie de diário alimentar, relacionando os alimentos às emoções que sentiu naquele momento. Este método prático e promissor é uma boa maneira de analisar indicadores da fome emocional, especialmente aqueles que você pode não estar ciente.
Como controlar a fome emocional?
Consciente dos gatilhos, o próximo passo é prevenir ou gerenciar melhor suas emoções, evitando descontar na comida e buscando outras estratégias para se conectar melhor com os sinais do seu corpo e suas escolhas alimentares.
Familiarizar-se com os sinais de fome antes, durante e depois de comer também é um ponto válido sobre como controlar a fome emocional. Isso ajuda a conhecer a si mesmo, a ter consciência do que desperta os desejos alimentares e até a emagrecer, em médio e longo prazo.
Quando sentir uma vontade intensa por determinada comida, tente adiar por 5 minutos. Durante esta pausa, evite nutrir pensamentos negativos de que você não pode comer isto ou aquilo, pois tal comportamento pode aumentar ainda mais o ímpeto.
Apenas espere, respire fundo por alguns instantes, beba um copo de água grande e foque em você e nas sensações do seu corpo. Verifique o que está sentindo. Se for estresse, pense em exercícios para controlar, como passear ao ar livre, meditar ou fazer registros em seu diário.
Por último, mas não menos importante, lembre-se: a fome não é algo a se temer; é uma sensação totalmente natural. Várias pequenas questões devem ser avaliadas com atenção: o tipo e o nível de fome, qual a quantidade adequada e qual a melhor escolha de alimentos para saciá-la.
Assim, com pequenas mudanças e reservando um tempo para si, é possível vencer a vilã fome emocional, não comer sem necessidade e se esquivar de boicotes contra a saúde que todos estão sujeitos a enfrentar.
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