Tudo o que você precisa saber sobre asma em crianças

Prevenção e Controle

25/02/2021

Atualizado em 05/03/2024

Dúvidas sobre a asma em crianças? Informe-se sobre o assunto neste artigo especial elaborado pelo Viver Bem.

8 min de leitura

A asma em crianças é uma doença respiratória crônica desencadeada por uma inflamação nas vias aéreas (brônquios). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 339 milhões de pessoas sofrem com a condição em todo o mundo.

Um dos problemas de saúde respiratória mais frequentes no Brasil e a doença crônica mais comum da infância, a estimativa é que 23,2% da população conviva com a doença no país.

Esse é um tema de extrema importância. Nesse contexto, o Viver Bem, portal de saúde da Unimed-BH, elaborou este artigo com tudo o que você precisa saber sobre a asma em crianças, inclusive fatores de risco, sintomas, tratamentos e outros detalhes.

O que é a asma?

É uma doença crônica caracterizada principalmente por inflamação e consequente estreitamento das vias aéreas. No caso da asma infantil, o quadro se agrava porque as vias aéreas têm calibres menores, o que a torna as crianças mais propensas ao bloqueio da passagem do ar quando atacadas.

A asma tem uma característica de se apresentar de diferentes formas. Ora pode estar controlada, sem que o paciente apresente sintomas respiratórios, ora manifesta-se com sintomas de tosse, chiados e falta de ar, caracterizando assim um descontrole ou uma crise da doença.

Há diferença entre asma e bronquite aguda?

A asma, como já foi dito, é uma doença inflamatória crônica, que pode se apresentar ora sem sintomas, ora em crises. Uma vez dado o diagnóstico de asma, sabe-se que ela é uma doença crônica e não tem cura. Entretanto, a criança ou o adulto asmático podem passar por períodos em que se encontram em remissão, ou seja, passar longas temporadas sem ter a crise da doença.

Mas, uma vez exposta a potenciais gatilhos desencadeadores de inflamação nos pulmões (como poeira, mofo, perfumes, ácaros ou mesmo mudança climática) e sem o tratamento adequado, a pessoa asmática poderá apresentar recorrência de sintomas e crises da doença a qualquer momento.

Já a bronquite aguda é uma inflamação dos brônquios que costuma ser pontual, dura de 1 a 3 semanas, geralmente é infecciosa, e é causada por vírus (principalmente) ou bactérias. A bronquite aguda é mais comum em crianças menores de 5 anos e sua ocorrência não significa que a criança desenvolverá uma inflamação crônica nos pulmões.

Embora sejam doenças diferentes, os sintomas de uma crise asmática e da bronquite aguda são muito semelhantes. O que vai diferenciar as duas doenças é a história clínica apresentada pelo paciente ao longo do tempo. Para isso, o acompanhamento médico regular é fundamental para chegar ao diagnóstico definitivo e direcionar o tratamento adequado.

Fatores de risco para a asma

Conheça alguns dos mais relevantes fatores de risco para a asma:

• Genética: ter um histórico familiar de asma (principalmente em parentes de primeiro grau) ou outras doenças respiratórias crônicas pode aumentar o risco de uma criança desenvolver a doença.
• Alergias: alergias respiratórias aumentam o risco de a criança desenvolver asma. Além disso, seus sintomas podem ser confundidos com as alterações causadas pela asma em crianças.
  Infecções: a recorrência de infecções respiratórias pode contribuir com o desenvolvimento dos sintomas da asma infantil, principalmente em crianças com menos de 5 anos.

Gatilhos

• Outro ponto a destacar é que, para a maioria das crianças, fatores ambientais muitas vezes funcionam como gatilhos associados às crises de asma. Entre eles, estão:
  Infecções respiratórias como resfriados e gripes.
• Contato com poluição do ar e fumaça de cigarro.
• Contato com alérgenos, como pelo de animais, ácaros, mofo e produtos de cheiro forte como perfumes e produtos de limpeza.
• Mudança climática (sazonalidade).

Doenças respiratórias comuns em crianças e prevenção

Como você viu, a mudança climática pode ser um gatilho para a asma. E a sazonalidade climática também pode estar associada a outras doenças respiratórias.

O Viver Bem preparou um conteúdo sobre esse assunto, para você conhecer as principais doenças respiratórias que acometem as crianças, quais são as principais maneiras de prevenção, quando os sintomas indicam a necessidade de buscar ajuda médica e qual atendimento procurar.

Acesse: Doenças respiratórias mais comuns e dicas de prevenção

Asma em crianças: principais sintomas

Pode ser difícil distinguir os sintomas da asma infantil de outras doenças respiratórias, como rinite, resfriados e gripes. Mas, por ser uma doença crônica, ela pode afetar negativamente a vida do seu filho por muito tempo.

Os principais sintomas são:

• Tosse, que pode ficar mais forte durante a noite ou se a criança estiver doente;
• Respiração ofegante, que pode parecer com uma espécie de chiado no peito quando a criança respira;
• Falta de ar, mesmo quando seu filho estiver fazendo atividades comuns.
• Além disso, determinados sintomas podem aparecer em bebês ou crianças maiores. Continue lendo para conhecer melhor essas alterações.

Bebês

Bebês nem sempre são capazes de se comunicar quando não estão se sentindo bem. Por isso, nessa idade, é muito importante que os pais prestem atenção a qualquer sinal que possa parecer um sintoma de asma em crianças.

Em bebês com asma, as alterações podem incluir:

• Dificuldade de dormir à noite;
• Dificuldade de respirar durante as brincadeiras;
• Fadiga maior que a habitual;
• Demora em se recuperar de resfriados.

Vale destacar que nem todos os sinais respiratórios significam asma. Muitas vezes, esses sintomas podem representar a presença de uma bronquiolite ou uma bronquite aguda, por exemplo, e a criança não ser asmática e/ou não desenvolver asma no futuro.

É fundamental procurar ajuda médica a fim de identificar a causa das alterações e o tratamento adequado para cada caso.

Crianças maiores

Embora as crianças maiores consigam, na maior parte das vezes, descrever os sintomas, pode ocorrer de eles serem confundidos com sinais de doenças menos graves. Recomenda-se, então, estar atento caso seu filho se queixe de:

• Baixa energia e fraqueza durante o dia;
• Aperto ou dor no peito;
• Tosse persistente durante a noite.

Outro destaque é entender que os sintomas variam de criança para criança. Algumas podem apresentar apenas alguns desses sintomas, enquanto outras mostram mais sinais de problemas respiratórios. Os mais sérios podem levar a um ataque de asma.

Ataque de asma em crianças

O ataque (ou crise) de asma em crianças costuma ser um agravamento dos sintomas apresentados antes. Os sintomas geralmente iniciam-se de forma gradual e vão se agravando com o tempo, caso o tratamento adequado não seja iniciado, podendo chegar a uma crise grave da doença. Entretanto, em alguns casos, os sintomas podem aparecer e se tornar graves subitamente.

No caso de seu filho apresentar algumas destas características indicadas a seguir, procure um serviço de urgência o mais rápido possível:

• Respiração ofegante;
• Dificuldade para falar por causa da asma;
• Impossibilidade de comer ou beber em razão do cansaço;
• Respiração rápida e músculos do pescoço tensos;
• Batimentos cardíacos ou pulso muito rápidos;
• Dificuldade para andar;
• Lábios ou unhas acinzentados ou azuis;
• Exaustão sem motivo aparente, agitação ou confusão e perda da consciência (desmaio).

Perguntas sobre a asma em crianças

Se seu filho apresenta sinais de asma infantil, é recomendado procurar um médico. Só ele vai saber dar o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento.

É necessário fazer as perguntas certas, porque a asma é uma doença que vai acompanhar seu filho pelo resto da vida, como dito. Neste caso, quanto mais informado você estiver desde o começo, melhor será a qualidade de vida dele no decorrer dos anos.

Como vou ter certeza de que meu filho tem asma e não outra doença respiratória?

A primeira parte do diagnóstico é a entrevista. O pediatra vai fazer algumas perguntas cruciais a fim de que seja possível diagnosticar a asma em crianças.

A criança está tossindo, cansada, chiando, tem secreção, consegue executar suas tarefas e exercícios físicos normalmente ou se cansa com mais facilidade? Os sintomas pioram no período noturno e/ou ao acordar? Tem melhora com o uso da medicação inalatória?

Posteriormente a essa entrevista, o médico vai fazer o exame físico (ausculta) e avaliar a necessidade de exames diagnósticos como de sangue, espirometria (para crianças acima de 5 anos) e raio-X do tórax. No caso da confirmação do diagnóstico, ele pode prescrever medicamentos inalatórios para uso esporádico ou regular.

Caso você tenha dúvidas sobre a utilização dos aparelhos inalatórios para o tratamento, assista ao Saber Pra Cuidar, websérie da Unimed-BH, no YouTube. A Dra. Luciana Gomide, pediatra, pneumologista pediátrica e médica cooperada da Unimed-BH traz muitas dicas e orientações importantes. Veja agora:

A asma se manifesta de maneira igual em todas as crianças?

Os sintomas podem variar bastante de criança para criança, assim como a intensidade deles.

Um ponto que influencia muito nessa variação é a estação do ano: nas estações com mais partículas no ar (primavera, por exemplo) e nas estações mais frias (outono e inverno), é comum que as crises apareçam com mais frequência.

Meu filho poderá ter uma vida normal (por exemplo: praticar esportes) sendo portador de asma?

A criança com asma pode ter uma vida normal desde que evite os gatilhos que podem gerar crises. Além disso, é necessário que fazer uso da medicação e não esquecer o acompanhamento com o pediatra. A prática de atividades físicas regulares ajuda muito no controle da doença. Sempre pergunte ao seu médico de referência qual a atividade mais adequada ao seu filho.

Quais são os principais tratamentos?

Como a asma não tem cura, o tratamento é focado em reduzir os sintomas, prevenir as crises e aumentar a qualidade de vida da criança. Os tratamentos medicamentosos são estruturados em duas categorias: a medicação de alívio e a controladora (medicação que previne que as crises aconteçam).

A medicação de alívio normalmente é usada para uma resposta rápida e dar alívio aos sintomas. Nesse caso, são usados os broncodilatadores, que ajudam a relaxar as vias aéreas e aumentar a passagem de ar.

A medicação controladora é aquela de longo prazo. Ela propicia o controle dos sintomas e diminui a necessidade do uso das medicações de alívio. São normalmente corticoides inalatórios em baixas doses, que contribuem para diminuir as inflamações das vias aéreas.

O tratamento da asma em crianças inclui, além da terapia medicamentosa, medidas educacionais e comportamentais, como evitar a exposição aos gatilhos potencialmente desencadeadores das crises de asma e a prática regular de atividade física.

Como faço na escola? Meu filho precisa estar sempre com o medicamento?

Se a doença estiver sob controle, se seu filho não tiver tido nenhuma crise recente e estiver frequentando as aulas regularmente, ele só precisa estar com a medicação de controle (se indicada pelo seu médico), e a vida poderá ter um seguimento normal.

É sempre indicado que a escola e os professores saibam da condição da criança. Sempre instrua os profissionais sobre a utilização da medicação e identificação de algum sinal de agravamento ou necessidade de chamar uma ambulância.

O mais importante em casos de doenças respiratórias crônicas é manter o tratamento. Ele auxilia seu filho na respiração, diminui as possibilidades de crises e reduz os problemas que podem acontecer por conta da doença. Com o tratamento, até casos graves de asma em crianças podem ser mantidos sob controle.

Prevenção à asma em crianças

Em razão da inflamação nas vias aéreas, as crianças com asma são mais sensíveis a algumas substâncias chamadas alérgenos (ácaros, pelo de animal, mofo, pólen), e a outros potenciais irritantes existentes no ar (fumaça, odores fortes, sprays).

Os asmáticos podem ser mais sensíveis também às alterações climáticas e aos exercícios físicos. Alguns cuidados podem auxiliar no controle da doença e ajudar a prevenir as crises de asma:

• Siga corretamente o tratamento prescrito pelo médico do seu filho.
• Certifique-se sempre de que seu filho está usando a bombinha de forma correta. O uso adequado do dispositivo inalatório é fundamental para que o remédio alcance de forma efetiva os pulmões.
• Faça com que a criança evite ambientes muito frios ou o contato direto com correntes de ar frio.
• Incentive a prática de exercício físico regularmente. Se seu filho apresentar sintomas de crise desencadeados pelo esforço, dê o medicamento recomendado pelo pediatra antes do exercício.
• Cuide da alimentação do seu filho.
• Vacine-o anualmente contra o vírus da influenza.

Doenças de inverno: fique atento!

Com a chegada das temperaturas mais baixas, as pessoas começam a ser impactadas pelas chamadas “doenças de inverno”. Crianças, idosos e pessoas que sofrem com determinadas condições são as mais afetadas.

Esse é um assunto de relevo, pois impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Que tal se informar a respeito? Clique aqui e acesse o especial que o Viver Bem preparou para você.