Desconstruindo o capacitismo: passos para uma sociedade mais inclusiva

Qualidade de Vida

15/02/2024

Atualizado em 19/02/2024

Desconstruindo o capacitismo: conheça as nuances dessa forma de discriminação e saiba como a Lei Brasileira de Inclusão e a linguagem respeitosa são essenciais para alcançar a igualdade.

4 min de leitura

Desconstruindo o capacitismo: passos para uma sociedade mais inclusiva

Compreender o capacitismo é fundamental para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. A conscientização para promover uma sociedade mais inclusiva, na qual todos tenham igualdade de oportunidades e sejam respeitados independentemente de suas habilidades físicas ou mentais.

Neste artigo do Viver Bem, vamos entender as diferentes faces dessa forma de discrimaniação que, muitas vezes, é deixada de lado.

O que é capacitismo?

O capacitismo é um conjunto de atitudes, crenças e práticas que discriminam e marginalizam pessoas com deficiência de diversas maneiras, desde estereótipos negativos e preconceitos até a falta de acessibilidade em ambientes e serviços.

Essa forma de discriminação está enraizada na ideia de que ser capaz fisicamente ou mentalmente é a norma, e qualquer desvio dessa norma é desconsiderado.

Pessoas com deficiência muitas vezes enfrentam barreiras no acesso a oportunidades educacionais, emprego, ambientes sociais e participação na vida comunitária, em razão das atitudes capacitistas que permeiam a sociedade.

6 manifestações do capacitismo

O capacitismo se manifesta de várias formas, abrangendo uma gama de atitudes, práticas estruturais que discriminam as pessoas com deficiência. Aqui estão alguns tipos comuns de capacitismo:

  1. Atitudes negativas e estereótipos: isso ocorre quando as pessoas têm crenças preconceituosas e estigmatizadas sobre a capacidade das pessoas com deficiência, que pode incluir pensamentos de que essas pessoas são menos inteligentes, menos capazes ou menos produtivas.
  2. Falta de acessibilidade: a falta de adaptação e de instalações acessíveis em ambientes públicos, transportes, locais de trabalho e na tecnologia pode excluir as pessoas com deficiência, limitando seu acesso a oportunidades e serviços.
  3. Estigma e discriminação no trabalho: pessoas com deficiência frequentemente enfrentam discriminação no ambiente de trabalho, seja na seleção para empregos, seja em promoções, seja no acesso a condições de trabalho igualitárias.
  4. Linguagem desrespeitosa: o uso de linguagem depreciativa, termos pejorativos ou piadas que debocham de todo tipo de deficiência pode contribuir para a marginalização e perpetuar estereótipos.
  5. Educação excludente: sistemas educacionais que não oferecem suporte adequado e adaptação para estudantes com deficiência podem resultar em exclusão, limitando suas oportunidades acadêmicas.
  6. Desigualdade na tecnologia: a falta de acessibilidade em tecnologias digitais e comunicações online pode excluir as pessoas com deficiência, prejudicando seu acesso à informação e à comunicação.

Consequências do capacitismo

O capacitismo tem diversas consequências negativas que afetam diretamente a vida das pessoas com deficiência. Algumas dessas consequências incluem:

Estigmatização e preconceito: estereótipos e preconceitos relacionados à deficiência são comuns, alimentando atitudes discriminatórias. Isso pode levar à marginalização, ao bullying e à diminuição da autoestima das pessoas com deficiência.

Impacto na saúde mental: o capacitismo pode contribuir para problemas de saúde mental devido ao estigma, à discriminação e às pressões sociais enfrentadas pelas pessoas com deficiência.

Desigualdade econômica: pessoas com deficiência enfrentam frequentemente desafios adicionais no mercado de trabalho, resultando em disparidades econômicas. A falta de oportunidades de emprego e a discriminação salarial contribuem para a desigualdade financeira.

Desrespeito aos direitos humanos: o capacitismo viola os direitos fundamentais das pessoas com deficiência, incluindo o direito à igualdade, à não discriminação e à participação plena na sociedade, conforme estabelecido na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU.

Lei Brasileira de Inclusão

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), criada em 2015, e também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), é um conjunto de normas que visa garantir a igualdade de condições para pessoas com deficiência exercerem seus direitos e liberdades.

A legislação abrange dois principais blocos: direitos fundamentais das pessoas com deficiência e acesso à justiça para elas, incluindo penalidades para quem desrespeitar a LBI. Entre as áreas abordadas, estão: capacidade civil, inclusão escolar, auxílio-inclusão, combate à discriminação, atendimento prioritário, administração pública, cultura, esporte, turismo e lazer.

A LBI propõe medidas como a criação de cadastros para políticas públicas, o aumento de punição por desrespeito aos direitos, a proibição de atos discriminatórios e a promoção da acessibilidade em shows, museus e sites. A lei inovou ao alterar o conceito jurídico de deficiência, afirmando que a deficiência está no meio, não nas pessoas.

Mais de 18 milhões de pessoas com deficiência no Brasil são acolhidas pela LBI, que também impacta positivamente organizações ao promover uma sociedade mais inclusiva, estimulando a diversidade, a criatividade e contribuindo para a movimentação da economia.

Linguagem capacitista e como evitar termos pejorativos

A linguagem capacitista refere-se ao uso de termos, expressões ou atitudes que perpetuam estigmas e preconceitos contra pessoas com deficiência. Essa linguagem pode ser sutil ou inadvertida, mas contribui para a marginalização e a discriminação.

Abaixo estão alguns exemplos do que não dizer, acompanhados de alternativas mais respeitosas:

  • Evite: “Deficiente” ou “Incapaz”
    Alternativas: “Pessoa com deficiência” ou “Pessoa com habilidades diferentes”
  • Evite: “Sofrer de” ou “Ser vítima de”
    Alternativa: Fale sobre a pessoa de maneira neutra e positiva, evitando associar a deficiência a sofrimento ou vitimização.
  • Evite: “Pessoa com necessidades especiais”
    Alternativa: “Pessoa com deficiência” – a expressão “necessidades especiais” é considerada paternalista e pode minimizar as necessidades reais.
  • Evite: “Cego” como adjetivo pejorativo
    Alternativas: “Pessoa com deficiência visual” ou “Pessoa cega”
  • Evite: “Surdo-mudo”
    Alternativa: “Pessoa surda” – muitas pessoas surdas podem se comunicar usando linguagem de sinais ou outras formas de comunicação.
  • Evite: “Normal” em referência a pessoas sem deficiência
    Alternativas: “Pessoa sem deficiência” ou “Pessoa neurotípica”
  • Evite: “Incapacitado” ou “Inválido”
    Alternativas: “Pessoa com limitações” ou “Pessoa com mobilidade reduzida”
  • Evite: “Portador de deficiência”
    Alternativa: “Pessoa com deficiência” – a expressão “portador de deficiência” sugere que a deficiência é algo transportado temporariamente, enquanto “pessoa com deficiência” enfatiza a identidade da pessoa.

Além disso, algumas expressões normalmente utilizadas no dia a dia têm caráter desrespeitoso ou pejorativo para pessoas com deficiência. Alguns adjetivos como “retardado”, por exemplo, são considerados extremamente ofensivos por pessoas com deficiência. Outro ponto a destacar é que, na hora de se comunicar, mesmo que “sem maldade”, evite termos e expressões como:

“Fingir demência”
“Dar uma de joão sem braço”
“Não temos braço para fazer isso”
“Nem parece que você é uma pessoa com deficiência”
“Pensei que você fosse normal”

Conheça as vagas disponíveis na Unimed-BH

Para se informar sobre oportunidades na Unimed-BH, inclusive vagas PcD (Pessoa com Deficiência), acesse o nosso portal de vagas. Acreditamos na inclusão como modo de alcançar uma sociedade mais justa. Afinal, diferentes visões de mundo são fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento social.

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