Epilepsia: principais causas e o que fazer quando presenciar uma crise

Prevenção e Controle

23/03/2022

Entenda o que desencadeia as crises de epilepsia e como ajudar alguém que está tendo uma convulsão.

5 min de leitura

Epilepsia: principais causas e o que fazer quando presenciar uma crise

A epilepsia é uma condição neurológica que pode afetar pessoas de diversas idades e por diferentes razões.

Caracterizada principalmente pela ocorrência de crises epiléticas, é uma doença relativamente comum. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) — mais precisamente, de fevereiro de 2022, ela acomete cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

De acordo com a Associação Brasileira de Epilepsia, o problema acomete de 2% a 3% da população brasileira — dados de março de 2022, que demonstram a grande prevalência de casos no país. Continue lendo este artigo e saiba mais sobre a epilepsia.

Epilepsia: o que é?

Trata-se de um transtorno do cérebro que se manifesta clinicamente em crises epilépticas recorrentes. É como se o nosso cérebro tivesse sofrido uma “pane” e parasse de funcionar corretamente por alguns minutos.

No momento da crise, pode haver espasmos musculares e perda de consciência. Isso porque o cérebro perde o controle neurológico do corpo. Por isso, durante uma convulsão, a pessoa pode se debater, espumar pela boca, morder a língua e até perder o controle do esfíncter (urinar-se e até mesmo evacuar-se).

Dia Mundial de conscientização da epilepsia

Por muito tempo ao longo da história, convulsões e epilepsia foram interpretados equivocadamente como acessos de raiva, de loucura ou até mesmo possessões demoníacas.

Neste período, muitas pessoas com epilepsia acabaram sofrendo as consequências da falta de informações.

Felizmente, isso mudou, e hoje, sabe-se que a epilepsia é uma condição neurológica tratável, e que é possível conviver normalmente com a doença. Mas ainda é preciso disseminar as informações e conscientizar a população sobre o tema. Por isso, em 26 de março é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia.

Principais esclarecimentos

É importante esclarecer que a epilepsia não é um transtorno mental (doença psiquiátrica), mas um transtorno neurológico. 

Outro esclarecimento pertinente é que as pessoas com epilepsia podem dirigir, desde que sigam algumas normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), previstas na resolução 425 de 2012, e também pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

É preciso, por exemplo, apresentar atestados sobre o uso de medicamentos para a doença ou, no caso do não uso de medicamentos, laudos comprovando que o condutor não tenha tido nenhuma crise nos últimos dois anos.

Por que epilepsia é diferente de convulsão?

Nem todo mundo que tem uma crise epiléptica é uma pessoa que tem epilepsia. Convulsões isoladas podem ocorrer por diversos motivos, mas não caracterizam necessariamente um diagnóstico de epilepsia.

Para ter o diagnóstico de epilepsia, a pessoa deve ter crises epiléticas recorrentemente em intervalos variáveis. Geralmente, considera-se a ocorrência de pelo menos duas crises não-provocadas, para se estabelecer o diagnóstico.

O que causa e como é diagnosticada?

A doença é caracterizada por uma alteração na forma como os neurônios (células cerebrais) se comportam. São descargas cerebrais anormais que disparam repetidamente. As crises epilépticas características desta condição podem ser causadas por diversos fatores.

A falta de oxigenação cerebral durante o parto (anoxia neonatal) também pode causar a doença em crianças. Já em idosos, a epilepsia pode ser desencadeada por doenças cerebrovasculares como AVC, e tumores cerebrais. Outras causas identificáveis são:

  • Traumatismo craniano;
  • Doenças infecciosas;
  • Doença genética.

No entanto, vale ressaltar que é muito comum não existir nenhuma causa identificável para uma crise convulsiva. Nesse caso, chamamos de idiopática.

O diagnóstico da doença é clínico, ou seja, o médico analisa os sintomas, o histórico do paciente e realiza uma avaliação clínica. Ele também pode pedir alguns exames para investigar qual o tipo de epilepsia a pessoa tem. Os exames mais comuns para complementar a avaliação são os laboratoriais (sangue e urina), eletroencefalograma, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Crise epiléptica: como reconhecer episódios e o que fazer?

As crises de epilepsia podem apresentar sintomas diferentes. Nem todas as convulsões têm as mesmas características. Algumas manifestações podem ser tão sutis que se tornam imperceptíveis, dificultando a identificação do problema.

Sintomas de epilepsia

A manifestação mais conhecida da epilepsia é a chamada crise tônico-clônica. Trata-se de uma convulsão de fácil detecção, porque apresenta os sinais mais característicos da epilepsia.

A pessoa tem abalos musculares involuntários, passa a se debater, apresenta salivação excessiva, conferindo uma aparência de estar literalmente espumando pela boca. Ela também pode morder a própria língua, e urinar ou defecar nas roupas.

As crises mais sutis, por outro lado, apresentam leves mudanças de comportamento, e podem não ser imediatamente associadas à doença. Por exemplo, espasmos ou rigidez em apenas uma parte do corpo, formigamento nos membros e crises de ausência (olhar parado, imobilidade ou movimentos automáticos).

As crises de ausência são mais comuns em crianças e podem ocorrer diversas vezes ao dia.

Tipos de crises

Além da crise de ausência e da crise tônico-clônica há, ainda, outros tipos de crises epilépticas:

  • As crises focais ou parciais, por exemplo, são caracterizadas pela alteração momentânea nos neurônios em apenas uma parte do cérebro. Pode provocar movimentos involuntários, tontura e formigamento, e perda de consciência.
  • Já as crises generalizadas afetam os dois lados do cérebro, e podem se desdobrar na crise tônico-clônica, na crise de ausência, ou ainda:
  • Crise tônica: provoca rigidez dos músculos, principalmente dos braços, pernas e costas.
  • Crise atônica: causa perda de controle muscular e pode levar a quedas bruscas.
  • Crise clônica: provoca movimentos repetitivos em sequência, especialmente no rosto, pescoço e braços.

Como você pode ajudar ao presenciar uma crise?

Ao identificar uma pessoa tendo uma convulsão, você pode ajudar, desde que saiba o que fazer. Há alguns mitos sobre a epilepsia que podem prejudicar a pessoa, como segurar a língua, por exemplo, na intenção de evitar que a pessoa a morda.

A verdade é que nunca se deve tentar segurar a língua de uma pessoa que está tendo uma crise de epilepsia e nem introduzir nada em sua boca. Veja mais informações:

  • Mantenha a calma;
  • Se for possível agir a tempo, evite que a pessoa caia de forma brusca no chão;
  • Deixe-a em um local seguro e retire os objetos ao redor, para evitar que ela se machuque durante a crise;
  • Não tente segurar ou restringir os movimentos, mas se for possível, deite a pessoa de lado;
  • Se ela estiver usando roupas apertadas, como gravata e cinto, você pode afrouxá-las. Caso a pessoa use óculos, retire-os;
  • Não jogue água, não dê tapas na pessoa e nem tente impedi-la de se debater.

    As crises de epilepsia, geralmente, duram poucos minutos. Deixe a pessoa descansar após o episódio. Caso a convulsão dure mais do que 5 minutos, busque ajuda médica imediatamente.

Tratamentos para epilepsia: principais cuidados e como evitar crises

Cerca de dois terços dos pacientes com epilepsia são tratados com medicamentos, os chamados antiepilépticos ou anticonvulsivos. Desta forma, é possível controlar e evitar as crises, e viver normalmente com a doença.

Alguns tipos de epilepsia, no entanto, não respondem da forma desejada ao uso desses remédios. Para estes casos, outros tratamentos podem ser indicados. Vale lembrar que todo tratamento deve ser indicado pelo médico conforme o diagnóstico da doença.

Não é possível impedir que uma pessoa desenvolva a doença, mas na maioria dos casos, as crises são evitáveis com o uso de medicamentos.

Já nos casos em que a epilepsia é desencadeada por fatores de risco específicos, como a falta de oxigenação no cérebro durante o parto e doenças cerebrovasculares, é possível controlar essas motivações.

Mas como fazer isso? Por meio de um acompanhamento pré-natal adequado e fazendo o controle de doenças como hipertensão arterial e diabetes que podem levar a acidentes vasculares cerebrais.

Quem tem epilepsia pode tomar café?

Essa é uma das perguntas mais comuns que podem surgir após o diagnóstico da doença. A verdade é que, embora a doença não possa ser impedida, é possível evitar as crises adotando alguns hábitos saudáveis no dia a dia e evitando fatores desencadeantes.

E não, o hábito de tomar café não tem qualquer relação com a epilepsia, nem facilita uma convulsão. Mas alguns hábitos, de fato, devem ser evitados, como:

  • Uso de bebidas alcoólicas;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Falta de sono;
  • Estresse.

Por isso, a dica é cuidar bem da sua saúde mental para evitar episódios de estresse, e ter uma rotina saudável, sem uso de álcool e dormindo regularmente durante a noite.

E para te ajudar na missão de cuidar melhor da sua saúde e adotar hábitos mais saudáveis no seu dia a dia, recomendamos o seguinte conteúdo da Unimed-BH > Como a atividade física pode melhorar a sua qualidade de vida.

Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH
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