Intolerância à lactose: o que é, graus e tratamento

Prevenção e Controle

26/07/2021

É possível ter uma vida normal sendo intolerante à lactose? Conheça as causas e como evitar os incômodos intestinais oriundos desse problema digestivo e confira 3 receitas sem lactose.

6 min de leitura

Intolerância à lactose: o que é, graus e tratamento

A deficiência de lactase, ou intolerância a lactose, é a causadora de desconfortos relacionados à digestão em mais de 40% dos brasileiros. Esta é a estimativa de pessoas intolerantes à lactose no Brasil segundo o IBGE.

Para nós, mineiros, este problema contrasta com um dos símbolos mais fortes de Minas Gerais: o queijo. Nosso Estado é o maior produtor nacional da iguaria e, segundo a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, é também a principal bacia leiteira do país.

Mas será que é preciso abrir mão dessa paixão para cuidar bem da saúde digestiva e não sofrer com os sintomas da intolerância à lactose? Saiba mais sobre o assunto.

Intolerância à lactose: o que é?

A lactose é o açúcar presente no leite e seus derivados e o que caracteriza a intolerância à lactose é justamente a deficiência da enzima responsável pela quebra deste açúcar no organismo: a lactase.

Sem este processo químico, a absorção do açúcar do leite pelo nosso corpo é prejudicada e sofremos as consequências da presença de uma maior quantidade de lactose no intestino e de sua fermentação.

Diferenças entre intolerância à lactose e “alergia ao leite”

Não confunda: apesar de serem causadas pelos mesmos alimentos , a alergia ao leite, cujo nome correto é “alergia à proteína do leite”, e a intolerância à lactose não são a mesma coisa.

Enquanto a intolerância é a falta da enzima que digere a lactose no organismo, a alergia é uma resposta do sistema imunológico à presença de uma proteína do leite de vaca, a betalactoglobulina.

Esse problema acomete principalmente bebês e pode ser provocado pelo consumo de leite de vaca antes dos quatro meses de idade. É importante lembrar que essa proteína não está presente no leite materno. Nesses casos a alergia tende a desaparecer ainda na infância, mas pode persistir até a idade adulta.

Os sintomas da alergia à proteína do leite são manchas vermelhas e irritação na pele, inchaço nos olhos e na boca, falta de ar, coceira, tosse, diarreia, podendo apresentar sangue nas fezes.

Além disso, em alguns casos, até choque anafilático pode ocorrer, característica típica do desencadeamento de uma reação alérgica. Bebês que apresentam baixo ganho de peso, atraso no crescimento e desenvolvimento também devem ser avaliados para esta doença.

Sintomas de intolerância à lactose: como identificar?

Já os sintomas da intolerância à lactose são bem diferentes. Eles geralmente aparecem na idade adulta, uma vez que há a diminuição da produção da lactase ao longo da vida. Com a impossibilidade de o organismo digerir a lactose, ela entra em contato com a mucosa intestinal sem a absorção correta do açúcar, provocando uma série de reações como:

  • Diarreia
  • Excesso de gases
  • Náuseas e vômitos
  • Distensão abdominal

Além do desconforto intestinal, o problema também pode causar dor de cabeça. A intolerância à lactose não causa sangramento nas fezes, portanto, caso note este sintoma, é importante procurar seu médico.

É possível identificar os indícios do problema por meio destes sinais, mas o diagnóstico deve ser confirmado pelo médico. Durante a consulta, de acordo com os sintomas e o momento em que aparecem, já se pode chegar a um diagnóstico clínico.

A recomendação de permanecer um período sem a ingestão de produtos lácteos, averiguando se há melhora no quadro neste período ajuda a confirmá-lo. Na grande maioria dos casos, não são necessários exames específicos para o diagnóstico.

Em situações específicas, podem ser solicitados o teste de intolerância à lactose, teste genético, exame de hidrogênio expirado ou medidor de ácido láctico.

Graus de intolerância à lactose

Há três níveis de intensidade do problema, sendo eles, leve, moderado ou grave, condicionados à taxa de produção da lactase organismo. Há quem consiga produzir a lactase, embora em baixa quantidade, e há pessoas que não produzem a enzima responsável pela quebra do açúcar do leite.

A quantidade de lactase que temos no intestino é muito dependente de fatores genéticos, de estímulos externos, assim como também da saúde do intestino. A maioria dos acometidos não apresenta deficiência importante, tolerando bem a ingestão de leite e derivados. Entretanto, outros indivíduos podem apresentar desde reduções pequenas, até bem importantes.

A taxa que temos da enzima lactase, é diretamente proporcional ao grau de sintomas e de tolerância ao consumo do leite, iogurte, queijos, e outros produtos derivados destes, como o pão de queijo.

Isso ocorre pois, o conteúdo de lactose varia entre tipos de leite e de seus derivados. Por exemplo, a média dos leites de origem animal (leite de vaca, leite de ovelha, leite de cabra, entre outros) é de 5g a cada 100 ml do alimento. Já no leite condensado, essa taxa é de 12g a cada 100ml, e em um queijo magro, como cottage, é de 3g para a mesma proporção.

Nos casos mais leves ou moderados, é possível consumir com moderação alimentos com menor quantidade de lactose. Mas, também é possível recorrer à lactase sintética, comercializada em forma de pílulas ou comprimidos e ingerida antes das refeições que contenham leite e derivados para reduzir o desconforto. A utilização desses medicamentos deve ser recomendada pelo médico.

Em pessoas com deficiência de lactase mais graves, deve-se ter o cuidado de ingerir mesmo medicamentos que contenham lactose em sua composição.

Crise de intolerância: o que fazer?

Nas manifestações mais graves do problema, é recomendado beber bastante água, já que uma das consequências da intolerância é a diarreia, que pode levar à desidratação. Caso os sintomas sejam mais fortes que o normal ou diferentes do que está habituado, é necessário procurar ajuda médica.

Mudanças alimentares: 3 principais dúvidas e tratamento

Há alergias alimentares e problemas digestivos que não devem ser confundidos com a intolerância à lactose. Mas quando se tem o problema, especialmente diante de um diagnóstico recente, é comum que surjam dúvidas como estas:

Quem tem intolerância à lactose pode comer ovo?

Sim. Apesar de serem enquadrados em um mesmo grupo de alimentos por terem origem animal, eles são compostos por substâncias diferentes. O ovo não possui lactose como os laticínios, ingrediente nocivo aos intolerantes, portanto, está liberado na dieta sem lactose.

Quem tem intolerância pode comer pão?

Depende. Essa dúvida é comum porque remete a outro tipo de intolerância alimentar, a doença celíaca. Neste caso, os portadores dessa condição são sensíveis ao glúten e, portanto, devem evitar alimentos que contém essa proteína como trigo, aveia, cevada e centeio, ingredientes comuns no preparo dos pães tradicionais.

Já para os intolerantes à lactose, não há nenhum problema no consumo do glúten. O perigo mora no leite. Por isso, devem ser evitados os pães que possuem este ingrediente ou mesmo os seus derivados, como queijos e iogurtes.

Como conviver com a intolerância à lactose?

O tratamento é sintomático, ou seja, ocorre de forma a reduzir ou eliminar os efeitos da intolerância. Algumas pessoas possuem uma tolerância mais moderada à lactose, como citado anteriormente, o que implica em uma quantidade máxima de produtos lácteos que podem ser consumidos diariamente.

O uso de produtos tais como leite, queijo e iogurte “sem lactose” são liberados. Já nos casos mais graves, é recomendado que os produtos lácteos sejam extintos da rotina.

Somente quem poderá definir um limite ou exclusão para este ingrediente da sua alimentação é o médico, uma vez que os alimentos mais ricos em lactose são também muito ricos em cálcio, fundamental para nossa saúde. Assim, a fonte de cálcio poderá ser substituída.

Por isso, antes de alterar a sua rotina ou se autodiagnosticar com base na sua percepção dos sintomas, procure atendimento médico e siga todas as orientações.

Opções para substituir o leite

Você sabia que para toda receita original existe uma alternativa que se adequa às suas restrições alimentares? É possível ter uma vida praticamente normal, sem abrir mão do que você gosta de comer, fazendo pequenas adaptações nas receitas.

Os preparos que levam leite, por exemplo, incluem substituir este ingrediente por opções sem lactose. É possível fazer ‘leite’, ‘queijo’ ou outros derivados usando ingredientes como arroz, amêndoas, amendoim, coco, soja e outros alimentos. Outra opção são leite e derivados sem lactose.

3 receitas sem lactose

Que tal matar a vontade de comer um bolo de chocolate e cuidar da sua saúde digestiva, ao mesmo tempo? Uma forma é substituir o leite tradicional das massas e cobertura por um leite vegetal. Ou mesmo degustar uma torrada com requeijão sem leite de vaca. Veja alguns exemplos:

Leite de aveia

Para este preparo é necessário deixar duas xícaras de aveia em flocos de molho por pelo menos 1 hora em três xícaras de água. Essa receita rende, em média, um copo de leite sem lactose.

Bata a aveia e a água no liquidificador e, dependendo de como você irá consumir o leite (em uma receita salgada, doce ou neutra) acrescente um pouco de sal ou essência de baunilha, conforme a sua preferência. Depois, passe o conteúdo em uma peneira e está pronto.

Dica: o resíduo da aveia que restou na peneira também pode ser utilizado em outros preparos, como patês, mingau e biscoitos.

‘Ricota’ de castanha temperada

Deixe uma xícara de castanhas-do-pará de molho da noite para o dia (8 a 12 horas). Bata no liquidificador com um pouco de água e depois aperte o conteúdo em uma peneira para eliminar o excesso de água.

Tempere com um pouco de suco de limão e ¼ xícara de azeite, sal e outros condimentos como cheiro verde, de acordo com o seu gosto. Depois, misture tudo e acrescente ¼ xícara de tomate picado e ¼ xícara de azeitonas picadas e sem caroço.

‘Requeijão’ de inhame

A versão sem lactose do requeijão pode ser feita à base de inhame e ele deve ser cozido sem casca até ficar em ponto de purê.

Depois, amasse com um garfo e bata no liquidificador junto a 4 colheres de sopa de azeite, meio talo (somente a parte branca) de alho-poró picado, 1 dente de alho, 1 colher de sopa de polvilho azedo, suco de meio limão, sal e pimenta à gosto.

Fique atento ao tempo de duração destas receitas. O leite deve ser consumido no mesmo dia. Já o requeijão e a ricota duram cerca de 3 dias na geladeira.

Quer saber mais sobre alimentação saudável? Acesse nossos conteúdos sobre o tema em Alimentação. E para se informar sobre outros assuntos ligados à sua saúde intestinal, a sugestão é o artigo: Prisão de ventre.

Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH
Conteúdo validado por Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH

Equipe responsável por prover conteúdos em soluções assistenciais para clientes, profissionais e prestadores da Unimed-BH, assim como para a sociedade como um todo.

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