O que você precisa saber sobre as doenças das valvas do coração
26/04/2021
A saúde do coração merece atenção, e, quando o assunto são as valvas cardíacas, não é diferente. Conheça mais sobre as doenças que acometem esses mecanismos e aprenda a detectar seus sinais.
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As doenças cardiovasculares representam uma das grandes causas de mortes no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 30% dos óbitos estão relacionados a alguma enfermidade no coração e seus efeitos.
Inúmeros fatores podem estar associados aos problemas do coração. Malformações, sedentarismo, hábitos prejudiciais à saúde… a lista inclui diversas possíveis causas. Independentemente do que acarreta o surgimento de comorbidades cardíacas, uma coisa é certa: o reconhecimento precoce de sintomas é o melhor caminho para uma vida saudável.
A importância dos cuidados com a saúde cardíaca não é segredo para ninguém. Mas o que muita gente não sabe é que esse órgão vital conta com quatro personagens essenciais para o seu funcionamento: as valvas cardíacas.
Entender, portanto, o funcionamento das valvas do coração e os sintomas das doenças relacionadas a elas é essencial. Dessa forma, é possível encontrar tratamentos eficazes e formas de viver com qualidade e bem-estar. Continue lendo este post e descubra tudo sobre as doenças das valvas cardíacas.
Valvas do coração: o que são e qual é a importância delas?
As valvas cardíacas são responsáveis por regular a passagem de sangue entre essas câmaras do coração. A função delas — e, por consequência, a importância — é interromper e liberar o fluxo sanguíneo no momento certo.
É esse processo de interrupção e liberação feito pelas valvas do coração que garante que o sangue faça o trajeto corretamente e não retorne para o local errado.
Essa engrenagem complexa é essencial para o funcionamento do nosso organismo. Por isso, é importante reconhecer sintomas de doenças nas valvas do coração para o diagnóstico precoce e o tratamento correto.
As quatro valvas do coração
O coração possui quatro valvas: mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar. Para que o movimento de liberação e interrupção do sangue ocorra corretamente nos átrios e ventrículos, cada uma delas executa uma função.
Valva mitral
A valva mitral fica entre o átrio e o ventrículo esquerdos. Quando aberta, é ela que permite a passagem do sangue entre essas duas câmaras, direcionando-o para a aorta; quando fechada, impede que ele volte do ventrículo para o átrio.
Valva aórtica
Como o próprio nome sugere, a valva aórtica separa o ventrículo esquerdo da aorta. Quando aberta, ela libera o sangue já oxigenado para a aorta, que o transporta para todo o corpo; quando fechada, impede que o sangue volte para o ventrículo esquerdo.
Valva tricúspide
A valva tricúspide faz o mesmo trabalho da valva mitral, porém nas câmaras do lado direito. Ela permite a passagem do sangue do átrio para o ventrículo quando está aberta; quando está fechada, impede que ele reflua de volta. A partir daí, o sangue é direcionado para a artéria pulmonar.
Valva pulmonar
A valva pulmonar separa o ventrículo direito da artéria pulmonar. Quando aberta, ela direciona o sangue que ainda não foi oxigenado para o pulmão; quando fechada, impede que ele reflua do pulmão para o ventrículo.
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Doença cardíaca valvar: qual o risco para a saúde?
Desenvolver uma doença cardíaca valvar representa diversos riscos à saúde. Cada uma das valvas do coração desenvolve uma função específica, e a falha em alguma dessas funções pode desencadear problemas na oxigenação do sangue e no transporte para os diversos órgãos do corpo, entre outros.
Diferentemente do que se pode imaginar, é possível viver bem e sem sintomas com problemas leves em alguma valva cardíaca.
O risco está, na verdade, quando há a união entre a progressão da doença e a falta de um tratamento em tempo adequado. Isso porque a falta de cuidado com as valvopatias pode acarretar insuficiência cardíaca, predisposição a coágulos sanguíneos, derrames cerebrais e, até mesmo, parada cardíaca.
Por isso, é importante cuidar de qualquer diagnóstico de alterações nas valvas do coração. Realizar acompanhamento médico especializado e atentar-se aos sintomas é uma forma de prevenir uma piora no quadro.
Fatores de risco para o desenvolvimento de valvopatias
Ciente da necessidade de cuidar das valvas cardíacas, é importante ter conhecimento sobre os fatores de risco para o desenvolvimento de valvopatias.
Idade
A expectativa de vida da população tem aumentado constantemente, e os problemas nas valvas do coração também. Isso tem um motivo: com o envelhecimento, esses mecanismos podem se tornar mais espessos e rígidos, ocasionando o mau funcionamento deles.
Por isso, com a chegada da terceira idade, é importante redobrar os cuidados com a saúde cardíaca.
Doenças pré-existentes
Endocardite infecciosa e doença reumática são dois exemplos de doenças que podem aumentar o risco de alterações nas valvas cardíacas. Além delas, outras doenças cardíacas também são consideradas fatores de risco:
- Infarto do miocárdio.
- Insuficiência cardíaca.
- Arritmias.
- Defeitos cardíacos congênitos.
Existem ainda alguns raros tumores dentro do coração que interferem no funcionamento das valvas.
Sintomas de problemas nas valvas cardíacas
Os sintomas de problemas nas valvas cardíacas nem sempre são claros. Eles estão relacionados a outras condições e nem sempre acendem o alerta para essa comorbidade. Dor no peito, palpitações, fadiga, falta de ar, tontura, desmaio e inchaço nos tornozelos, pés e abdome são alguns deles.
Quanto ao surgimento, eles podem ser súbitos ou evoluir de forma gradual. Tudo isso depende da forma como a doença se desenvolve no organismo. Por outro lado, os sintomas não determinam a gravidade do problema, afinal, algumas pessoas podem não notar sintomas e, ainda sim, terem danos significativos.
Diagnosticando doenças das valvas do coração
As alterações nas valvas do coração podem produzir um ruído — chamado popularmente de sopro cardíaco. Esse ruído é facilmente identificado durante a ausculta com o estetoscópio.
O sopro pode ser inofensivo (sopro inocente) ou precisar de investigação adicional. Nestes casos, exames como ecocardiograma, eletrocardiograma, radiografia de tórax, tomografia computadorizada e até mesmo cateterismo podem ser solicitados.
O diagnóstico e o acompanhamento adequados são muito importantes. A partir disso, será traçado o plano de tratamento e acompanhamento da progressão da doença, bem como adotados os métodos de prevenção de complicações e identificado o momento correto para fazer uma correção cirúrgica, quando isso for necessário.
Tratamento
Pacientes diagnosticados com valvopatias devem ajustar seus hábitos aos poucos. Realizar exames de rotina regularmente e ficar atento a possíveis pioras dos sinais e sintomas é fundamental para um tratamento eficaz.
Por se tratar de uma doença progressiva, é possível se adaptar a ela e manter uma vida saudável. Por outro lado, aqueles que não recebem o tratamento adequado podem ter perspectivas ruins.
Medicações são utilizadas para aliviar sintomas e evitar o desenvolvimento de outras condições associadas. Mas, em caso da evolução do quadro — a ponto de começar a afetar a capacidade do coração de bombear o sangue —, a intervenção cirúrgica pode ser necessária.
Existem duas formas de tratamento cirúrgico: o reparo ou a substituição da valva. O primeiro é feito preservando os folhetos do próprio paciente. O segundo, por sua vez, ocorre com o implante de uma prótese, feita de material biológico ou metálico.
O procedimento vai depender da valva doente, dos sintomas do paciente e do grau de comprometimento dela. Todos os detalhes — o melhor momento para a realização da cirurgia, as opções de tratamento — são discutidos e decididos juntamente com o médico.
Acompanhe a progressão dos seus sintomas
Pense nestas perguntas: O que faz você ficar com falta de ar? Atividades rotineiras estão se tornando mais difíceis? Você já se sentiu tonto? E quanto à dor no peito e ao inchaço incomum nos tornozelos e pés?
É importante estar atento aos sintomas e identificar se eles estão melhorando ou piorando. Converse com seu médico sobre as mudanças para possíveis ajustes no seu tratamento.
Me submeti ao tratamento cirúrgico… e agora?
Cuidar bem de você e da sua nova valva cardíaca é essencial para que ela funcione bem pelo maior tempo possível. Após a realização de um reparo ou da troca de uma valva cardíaca:
- Mantenha o acompanhamento com o cardiologista.
- Realize os exames periódicos solicitados.
- Faça uso dos medicamentos prescritos.
- Converse com o seu médico sempre que for fazer qualquer tipo de procedimento, seja cirúrgico seja odontológico.
Tudo isso serve para evitar que complicações ocorram e para que possíveis disfunções da valva submetida à cirurgia sejam detectadas precocemente.