Alergia alimentar versus intolerância: quais as diferenças e os principais tipos

Qualidade de Vida

27/07/2022

Atualizado em 09/08/2022

Você já deve ter se perguntado qual é a diferença entre intolerância e alergia alimentar. Neste artigo, a Unimed-BH explica qual a causa de cada uma delas e tira todas as suas dúvidas a respeito.

6 min de leitura

Alergia alimentar versus intolerância: quais as diferenças e os principais tipos

Você sabe qual é a diferença entre intolerância e alergia alimentar? Muitas pessoas confundem as duas condições, principalmente porque algumas das manifestações no organismo podem ser parecidas. Trata-se, no entanto, de reações causadas por fatores diferentes – e que demandam cuidados distintos.

Independentemente da faixa etária, 2% e 10% da população têm restrição a algum tipo de alimento. É por isso que alguns alimentos vendidos nos supermercados anunciam nas embalagens que o produto contém elementos alergênicos.

O assunto gera muitas dúvidas e, para responder às perguntas relacionadas ao tema, a Unimed-BH preparou um artigo repleto de informações a respeito. Ele é baseado no quarto episódio do ‘Pod Isso, Doutor?’, podcast do portal Viver Bem que está disponível nas plataformas de áudio.

As diferenças entre intolerância e alergia alimentar

Para entender quais são as diferenças entre intolerância e alergia alimentar, é preciso conhecer o que significa cada uma dessas condições. Nos dois casos, o indivíduo deve evitar o consumo de determinado alimento, mas por motivos diferentes.

Alergia alimentar

A alergia alimentar é uma reação do organismo a algum alimento ou nutriente que ele entende como agressor. Os anticorpos consideram essa substância como uma invasora e, a partir disso, provocam uma reação contra ela, gerando alteração no corpo.

A intensidade das manifestações pode variar muito. O paciente pode apresentar desde uma resposta leve até uma reação mais grave como a anafilaxia, às vezes, fatal. Para evitar esse risco, é importante que a alergia seja detectada.

Gatilhos para a alergia alimentar

  • Fatores genéticos.
  • Fatores socioculturais.
  • Alimentação inadequada, com menos elementos saudáveis e naturais.

Pessoas que apresentam asma, rinite ou dermatite atópica têm mais propensão a desenvolver alergia alimentar. A introdução de alimentos ainda durante a infância pode influenciar no futuro alérgico da criança.

Leia também: Alimentação saudável infantil: dicas de introdução alimentar

Intolerância alimentar

Por sua vez, a intolerância alimentar é quando a pessoa não tem uma absorção correta de certo alimento. O organismo não absorve determinado alimento da forma esperada, e, na maior parte das vezes, os sintomas costumam ser gastrointestinais.

A intolerância causa alguma manifestação no corpo relacionada à substância ingerida. Em muitos casos, a pessoa não consegue identificar qual é o alimento responsável pelo problema, mas, muitas vezes, não apresenta reações graves.

Gatilhos para a intolerância alimentar

Geralmente, a pessoa já tem uma predisposição a ser intolerante a algum alimento, e em muitas ocasiões, um gatilho pode provocar o problema. É possível que o indivíduo tenha uma gastroenterite e apresente uma intolerância, por exemplo. Nesse caso, poderá ser uma intolerância temporária, que será revertida alguns dias após o término da virose.

Medicamentos e outros componentes também podem ser motivo para sensibilidade a algum alimento.

Como as condições se manifestam

Para diferenciar as duas condições, é necessário entender como elas se manifestam no corpo. Na maior parte das vezes, para que um organismo apresente a alergia, é importante que ele já tenha tido um contato prévio com aquela substância, mesmo que seja na pele.

É comum, no entanto, que o paciente não saiba que já teve contato com aquele alimento. Um bom exemplo são os cremes que utilizam as amêndoas como base. É possível que o organismo tenha considerado o elemento como um agente agressor e apresente reações quando ele for ingerido.

Também há a possibilidade de o corpo de uma criança apresentar reações alérgicas porque a mãe teve contato com determinado alimento durante a gestação. Os sintomas podem ser gastrointestinais, respiratórios ou na pele.

Utilizando o leite como exemplo, vale destacar que, enquanto a intolerância é provocada pelo açúcar do leite, a alergia é causada pelas proteínas. Algumas dessas proteínas são destruídas na fervura, o que explica o fato de algumas pessoas apresentarem reações diferentes ao mesmo alimento cru e cozido.

O tempo do início dos sintomas também é uma distinção entre as duas condições. Em boa parte dos casos, as alergias causam reações mais rápidas no organismo, enquanto a intolerância pode apresentar manifestações muitas horas ou dias depois da ingestão.

Alergia alimentar versus intolerância

A importância do diagnóstico

Nos últimos anos, tem se tornado cada vez mais comum ouvir relatos de pessoas que acreditam ter alergia ou intolerância a alguns alimentos. É importante que os casos sejam avaliados por um profissional de saúde.

Em muitas situações, o indivíduo acredita estar com problemas porque sente que o corpo reage a diversos alimentos ingeridos. É possível, no entanto, que algum alimento específico presente em vários pratos seja o gatilho para as manifestações.

É fundamental se atentar à intensidade e à frequência da alteração no organismo. Uma dica é manter um diário alimentar, que pode facilitar o diagnóstico de uma possível alergia ou intolerância a alguma substância.

Além do histórico alimentar, é necessário fazer uma investigação médica completa, levando em consideração uma análise dos hábitos alimentares e outras questões, principalmente quando os sintomas são recorrentes. Testes clínicos complementares também auxiliam no diagnóstico.

Como prevenir alergias alimentares

Apesar dos fatores que fogem do nosso controle, como as questões hereditárias e genéticas, existem modos de prevenção contra as alergias alimentares. Uma delas é pensar na introdução tardia de alimentos alergênicos na alimentação infantil, principalmente se existem casos diagnosticados na família.

Entre as crianças, os alimentos mais envolvidos em alergias são:

  • Leite de vaca
  • Ovo
  • Amendoim
  • Soja

Como saber se a introdução alimentar é ou não tardia para o bebê?

É importante se atentar ao histórico familiar. Caso existam antecedentes de alergia alimentar ou manifestação prévia (como asma, rinite ou dermatite atópica, por exemplo), pode ser necessário retardar a introdução de alguns alimentos. O pediatra tem um papel fundamental para orientar os pais na alimentação da criança.

Você conhece os marcos do desenvolvimento infantil?

Outras formas de prevenção:

Nos adultos, é imprescindível se atentar à ingestão de:

  • Mariscos
  • Amendoim
  • Peixe

Também é relevante diminuir os fatores colaterais, como a utilização exagerada de antibióticos, que alteram a microbiota do organismo. Manter uma alimentação saudável é positivo para evitar tanto as alergias quanto a intolerância alimentar.

Como conviver com as condições?

Como citamos anteriormente, entre 2% e 10% da população tem restrição a algum tipo de alimento. É possível, no entanto, levar uma vida normal e conviver com as duas condições.

Uma vez que já conheço o problema e tenho o diagnóstico, como devo me organizar para viver da melhor maneira possível?

Veja algumas dicas úteis para o dia a dia:

  • Fique sempre atento aos rótulos dos alimentos, reparando nas substâncias presentes nos produtos e em suas quantidades.
  • Alguns medicamentos têm lactose, mesmo em baixa quantidade, que costuma ser tolerada pelo organismo. Apesar disso, é importante se atentar.
  • Evitar ficar “neurótico” com a intolerância e a alergia. Tomar os cuidados necessários, mas não deixar de levar uma vida normal, na medida do possível.

O diagnóstico é crucial. Apesar da importância das dietas para evitar o consumo de determinados alimentos, algumas são muito restritivas e podem prejudicar a saúde. Por isso, o acompanhamento de um especialista é fundamental.

Pessoas que sofrem com alergias mais severas devem evitar o contato com determinadas substâncias. No convívio social, é importante comunicar as pessoas à sua volta, inclusive quando falamos da presença de crianças na escola.

É comum que as crianças troquem alimentos durante a aula; por essa razão, vale informar os professores sobre condições como intolerância e alergia.

Existe tratamento contra a alergia alimentar?

Existem alguns casos em que é possível fazer a dessensibilização (um tratamento que visa diminuir a sensibilidade alérgica). Um exemplo é o leite: o indivíduo passa por um processo que pode ser longo. Quando o organismo adquire maturidade, pode haver a ingestão do alimento sem riscos.

Até o momento, existem poucos estudos de tratamento de dessensibilização. Poucas vacinas contra alergias estão disponíveis e não são utilizadas em larga escala.

Algumas pessoas acreditam que ingerir os alimentos, mesmo sofrendo com as alterações, pode ser uma forma de criar resistência e, aos poucos, se curar da alergia e da intolerância. O organismo, no entanto, vai ficando cada vez mais sensível, e as manifestações podem se agravar.

Tratamento para intolerância à lactose

É possível conviver com a intolerância à lactose e ter uma vida normal. O tratamento é sintomático e busca reduzir ou eliminar os efeitos da intolerância. Existem níveis diferentes da condição e apenas um médico pode indicar o melhor tratamento.

Em alguns casos, pode ser necessário limitar o consumo de lactose ou até excluí-lo permanentemente da dieta. É muito importante, no entanto, compreender que os alimentos mais ricos em lactose também são a principal fonte de cálcio para o organismo.

A eliminação desses alimentos pode impactar a saúde óssea do corpo. Nesses casos, a ingestão de cálcio deve ser suprida de outra forma para prevenir condições como a osteoporose, por exemplo.

É possível ingerir alimentos com lactose, desde que juntamente com a enzima lactase. Converse com seu médico a respeito.

Saiba mais: Intolerância à lactose: o que é, graus e tratamento

Ouça o “Pod Isso, Doutor?”, podcast do Viver Bem

Neste artigo, falamos sobre as diferenças entre a intolerância e a alergia alimentar, quais são as causas, como as condições se manifestam e outras informações relevantes a respeito do tema.

Para se aprofundar mais no assunto, ouça o quarto episódio do “Pod Isso, Doutor?”, podcast do portal Viver Bem. Disponível nas principais plataformas de áudio, o episódio recebe dois convidados especiais.

Dra. Sandra de Castro é alergista cooperada Unimed-BH, graduada em Medicina pela UFMG, com mestrado em Pneumologia Pediátrica, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e especialista em Alergia e Imunologia pela ASBAI.

Gastroenterologista e hepatologista cooperado da Unimed-BH, o Dr. Bernardo Couto Ferreira é médico dos serviços de Gastroenterologia e Hepatologia dos hospitais Felício Rocho e Santa Casa de Belo Horizonte.

Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH
Conteúdo validado por Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH

Equipe responsável por prover conteúdos em soluções assistenciais para clientes, profissionais e prestadores da Unimed-BH, assim como para a sociedade como um todo.

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