Ostomia de eliminação: tipos, causas e principais cuidados
05/09/2022
A ostomia de eliminação é um procedimento cirúrgico para a exteriorização de uma parte do sistema digestório ou urinário. Saiba mais a respeito, os tipos, as causas e como manter os cuidados.
5 min de leitura
A ostomia, também chamada de estomia, é um procedimento cirúrgico realizado para exteriorizar parte do sistema respiratório, digestório ou urinário do corpo. Por meio de uma abertura artificial, ele cria uma ligação entre os órgãos internos e o meio externo.
Embora as estomias sejam uma forma de promover a manutenção da vida em casos de pessoas que sofreram com condições traumáticas ou patológicas, viver com a condição é um grande desafio.
Neste artigo, o portal Viver Bem traz informações importantes sobre a ostomia de eliminação, explica quais são seus tipos, causas, complicações e como manter o autocuidado físico e mental.
O que é a ostomia de eliminação?
Como citado, as estomias de eliminação – urostomias, ileostomias e colostomias – são caracterizadas por uma abertura artificial entre os órgãos internos e o meio externo.
Nesse caso, o procedimento tem o objetivo de fazer a exteriorização de parte do sistema digestório ou urinário, criando um canal para a eliminação de fezes, gases e urina.
As estomias intestinais são recomendadas para casos em que o intestino apresenta alguma disfunção, obstrução ou lesão e pode ser indicada para o tratamento de diversas doenças, inclusive câncer colorretal, megacólon, trauma abdominal com perfuração intestinal, entre outras.
Enquanto isso, as estomias urinárias são indicadas para pessoas que apresentam doenças que envolvem a pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra e têm o objetivo de preservar a função renal do paciente.
Câncer colorretal: principais sintomas e prevenção
Os tipos de ostomia
Existem tipos distintos de estomias de eliminação. Conheça-os e entenda quais são as diferenças entre eles:
Ostomia intestinal
Entre as ostomias de eliminação, as intestinais são as mais comuns e podem ser temporárias ou definitivas.
A estomia é temporária quando o problema que causou o procedimento é resolvido, possibilitando a reparação do trânsito intestinal. Em outros casos, ela é retirada quando o trato digestório é reconstruído por uma cirurgia.
Por sua vez, a estomia permanente ou definitiva apresenta o segmento distal do intestino grosso, o que impede que o trânsito intestinal seja restabelecido.
Tipos de ostomias intestinais e suas características
Os tipos de ostomias intestinais dependem de sua localização no organismo e apresentam características distintas. Entenda as particularidades de cada uma delas:
- Colostomia Ascendente
Ela é realizada no lado direito do intestino grosso. Nesse tipo de colostomia, as fezes são líquidas ou semilíquidas após o procedimento e, depois de alguns dias, se tornam pastosas.
- Colostomia Descendente
Feita no lado esquerdo do intestino grosso, na parte descendente do cólon. Apresenta funcionamento irregular no início, com fezes pastosas a sólidas. O funcionamento pode se regularizar com o tempo, mas sempre é involuntário.
- Colostomia Sigmoide
Realizada na parte do sigmoide, apresenta fezes firmes a sólidas, que podem ser regularizadas com o tempo.
- Colostomia Transversa
A colostomia descendente é feita na parte transversa do cólon e apresenta fezes semilíquidas ou pastosas.
Colostomia Úmida em Alça
Essa colostomia é realizada para permitir que a saída de urina e de fezes ocorra pelo mesmo estoma, sendo uma alternativa para pessoas que precisam de estomia de eliminação tanto para o aparelho urinário quanto para o digestório.
- Ileostomia
Esse tipo é realizado na parte final do intestino delgado quando, por algum motivo, as fezes têm sua passagem impedida pelo intestino grosso. Nesse, a eliminação é mais líquida do que as apresentadas por uma colostomia.
Alguns casos permitem a reversão da estomia, realizada mediante um procedimento cirúrgico que tem o objetivo de reconstruir o trânsito intestinal.
Possíveis complicações
A estomia intestinal pode apresentar algumas complicações como abscesso, estenose, foliculite, dermatite, hemorragia, hérnia , necrose, prolapso (a estomia fica mais protuberante para o meio externo) e outras.
Normalmente elas estão ligadas a outros fatores, como a idade do paciente, sua alimentação, esforço físico precoce e outras questões.
Ostomia urinária
O principal propósito das ostomias urinárias é drenar a urina para que não ocorram danos aos rins. Elas podem ocorrer após o tratamento de doenças e traumas como tumores do trato urinário, anomalias anatômicas e lesões funcionais graves.
Assim como as estomias intestinais, elas também podem ser permanentes ou temporárias e são classificadas também em continentes e incontinentes.
Tipos de ostomias urinárias e suas características
Um dos tipos de estomias urinárias é a derivação vesical, cirurgia em que se cria um trajeto alternativo para a saída da urina contida na bexiga. Dependendo ou não do uso de cateteres, a derivação vesical pode ser denominadas entubadas (cistostomia) e não entubadas (vesicostomia).
Pode ainda ser incontinente (cistostomia e vesicostomia) ou continente, ou seja, a derivação urinária por meio de Mitrofanoff e consiste na confecção de um conduto cateterizável (geralmente o apêndice cecal) continente entre a bexiga e a parede abdominal.
Quando derivada diretamente dos rins, a ostomia é chamada de nefrostomia ou pielostomia. Por sua vez, a ureterostomia representa a estomia exteriorizada através de um ureter.
Equipamentos coletores para ostomia de eliminação
Basicamente, existem dois tipos de equipamentos coletores para a estomia de eliminação. Ao fazer a escolha, o mais importante é levar em consideração as necessidades do paciente e seu estilo de vida.
Os cuidados com a pele são fundamentais para favorecer a adesão e a manutenção do dispositivo. Os tipos de equipamentos são:
- Dispositivo de peça única
O dispositivo de peça única consiste em um único sistema em que a bolsa e a placa (barreira protetora) são acopladas.
- Dispositivo de duas peças
No sistema de duas peças, a bolsa e a placa são separadas e permitem a troca da bolsa sem que a placa protetora precise ser retirada. As peças são acopladas através de um aro plástico.
Os cuidados com a ostomia
Antes mesmo da realização do procedimento de ostomia, é fundamental que o paciente receba as devidas orientações para que possa manter os cuidados necessários.
A reabilitação da pessoa com estomia é um processo contínuo e que deve ser iniciado assim que possível. Posteriormente à alta, há o encaminhamento para um atendimento especializado, cujo objetivo será orientá-lo para que, a partir do momento em que se sinta seguro, possa realizar o autocuidado.
O profissional de saúde responsável pelo caso fará uma avaliação integral do paciente;é relevante que a família participe desse processo. Em alguns casos, pode ser necessária a designação de um cuidador – muitas vezes, algum familiar.
É primordial que a qualidade de vida esteja sempre em primeiro lugar, seja em casos de estomia temporária, seja em casos de estomia permanente. Os cuidados com as estomias de eliminação variam de acordo com o caso, a idade do paciente e outros fatores.
O acompanhamento nutricional é um detalhe fundamental para garantir o bem-estar do ostomizado. Depois de avaliar a necessidade nutricional do indivíduo, o profissional deve indicar a alimentação mais adequada e como ela será introduzida na rotina do paciente.
Nutrólogo ou nutricionista: quando buscar cada profissional?
A importância das atividades sociais e do apoio profissional
É comum que as pessoas submetidas às estomias tenham sua perspectiva de vida alterada pelo uso do dispositivo. Afora os cuidados físicos, é muito importante evitar o isolamento social e buscar se adaptar a essa nova realidade.
Buscar a ajuda de um profissional da área de psicologia é uma forma de se ajudar e cuidar da saúde mental. Além disso, a família e os amigos fazem parte de uma rede de apoio que faz toda a diferença na recuperação do paciente, independentemente do caso.
Dia Nacional dos Ostomizados
Com o propósito de acabar com o preconceito, foi criado o Dia Nacional dos Ostomizados, comemorado no dia 16 de novembro. Essa data é uma forma de lutar contra a discriminação via informação.
Essa celebração busca homenagear a fundação da Associação Brasileira dos Ostomizados (Abraso) e também marca a inclusão da estomia como uma deficiência física com base no Decreto nº 5296/2004, permitindo que pessoas com estomia usufruam dos benefícios que as pessoas com deficiência possuem no país.