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Doenças diarreicas agudas (DDAs): o que são, sintomas, causas e tratamento

Prevenção e Controle

16/12/2025

O que são as doenças diarreicas agudas (DDAs)? Conheça as causas, os sintomas, os tratamentos e como se prevenir.

9 min de leitura

Doenças diarreicas agudas (DDAs): o que são, sintomas, causas e tratamento

 

As doenças diarreicas agudas (DDAs) estão entre as causas mais comuns de mal-estar gastrointestinal e podem afetar pessoas de todas as faixas etárias.

Embora, na maioria das vezes, essas sejam consideradas condições de saúde não graves, a perda rápida de líquidos e sais minerais pode levar à desidratação e exigir atenção especial, sobretudo em crianças e idosos.

Neste artigo, o Viver Bem explica o que são as doenças diarreicas agudas (DDAs), quais são os principais sintomas, as causas, os fatores de risco, como é feito o diagnóstico, os tratamentos disponíveis e de que modo se prevenir.

O que são doenças diarreicas agudas (DDAs)?

Definição de diarreia e DDA

As doenças diarreicas agudas (DDAs) fazem parte de um grupo de infecções gastrointestinais caracterizadas pela eliminação de fezes líquidas ou amolecidas em três ou mais episódios em 24 horas.

Esse quadro envolve alteração da consistência das fezes e aumento da frequência evacuatória, podendo surgir junto de manifestações como mal-estar, náusea ou desconforto abdominal.

As DDAs têm evolução autolimitada, geralmente duram até 14 dias e, em alguns casos, podem apresentar muco ou sangue, situação chamada de “disenteria”.

Embora muitos episódios se resolvam sozinhos, a perda rápida de líquidos pode levar à desidratação, que varia de leve à grave conforme o agente envolvido e a intensidade dos sintomas no paciente.

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Diferença entre diarreia aguda e crônica

A classificação é baseada principalmente no tempo de duração:

  • Diarreia aguda: menos de 14 dias.
  • Diarreia crônica: mais de 14 dias.

Nos casos em que a diarreia persiste e volta a surgir com o passar do tempo, é recomendável procurar um médico para investigar e tratar as causas.

Principais causas da diarreia

Infecções por vírus, bactérias e parasitas

As doenças diarreicas agudas (DDAs) são frequentemente causadas por microrganismos – bactérias, vírus e parasitas –, como protozoários, que provocam inflamação no trato gastrointestinal.

Água e alimentos contaminados

Grande parte dos episódios de DDA está relacionada à ingestão de água ou de alimentos contaminados por agentes infecciosos. A contaminação pode ocorrer durante o preparo, o armazenamento ou a manipulação inadequada dos alimentos, facilitando a transmissão de vírus, bactérias e parasitas.

Medicamentos, intolerância e outras doenças do intestino

A diarreia também pode ter origem não infecciosa. Entre as causas, estão:

  • Uso de medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimioterápicos.
  • Ingestão excessiva de adoçantes e gorduras não absorvidas.
  • Consumo de bebidas alcoólicas.
  • Condições intestinais, como doença de Crohn, colites ulcerosas, doença celíaca, síndrome do intestino irritável, além de intolerância alimentar, como intolerância à lactose e ao glúten.

Fatores de risco para as doenças diarreicas agudas (DDAs)

As doenças diarreicas agudas podem afetar pessoas de qualquer idade, mas alguns hábitos e condições aumentam a chance de contaminação. Muitas dessas situações estão relacionadas ao acesso à água de qualidade, ao preparo seguro dos alimentos e às práticas de higiene no dia a dia.

Entre os fatores que elevam o risco de desenvolver DDA, destacam-se:

  • Uso de água sem tratamento adequado para beber, cozinhar ou higienizar alimentos.
  • Ingestão de alimentos de procedência desconhecida, mal-conservados ou manipulados de forma inadequada.
  • Consumo de leite in natura e derivados sem pasteurização ou fervura.
  • Ingestão de carnes, pescados e mariscos crus ou malcozidos.
  • Consumo de frutas, verduras e hortaliças sem higienização apropriada.
  • Estadia em regiões com condições precárias de saneamento básico.
  • Práticas insuficientes de higiene pessoal e coletiva, favorecendo a transmissão entre pessoas.

Sinais e sintomas da diarreia aguda

A diarreia aguda caracteriza-se pela eliminação de três ou mais evacuações líquidas ou amolecidas em 24 horas, além do aumento da frequência evacuatória. O quadro pode surgir acompanhado de outros sintomas, como:

  • Cólicas e dor abdominal.
  • Náuseas e vômitos.
  • Febre.

A evolução costuma ser autolimitada, mas exige atenção para sinais que indiquem piora ou risco de desidratação.

Quando a diarreia exige mais atenção

A orientação é buscar avaliação em um serviço de saúde sempre que houver piora do quadro ou ausência de melhora após o período de 14 dias. Alguns sinais também tornam a investigação imediata ainda mais importante, como:

  • Sangue ou muco nas fezes.
  • Vômitos repetidos.
  • Sede intensa.
  • Recusa alimentar.
  • Redução do volume urinário.

Crianças e idosos com diarreia aguda têm maior risco de evoluir rapidamente para desidratação grave. Nessas situações, a busca por atendimento de saúde deve ser imediata.

Sinais de alarme e desidratação

A desidratação é a principal complicação das doenças diarreicas agudas e pode evoluir rapidamente, principalmente em crianças e idosos. Os indícios que sugerem risco incluem:

  • Diminuição na produção de suor e lágrimas.
  • Sede persistente.
  • Tontura e dor de cabeça.
  • Queda da pressão arterial e aumento da frequência cardíaca.
  • Piora progressiva da diarreia.
  • Fraqueza, cansaço e sono excessivo.

Diante desses sinais, é recomendado procurar atendimento rápido.

Confira estes artigos relacionados:

Diarreia com sangue, muco, além de febre

A presença de sangue ou muco nas fezes, bem como febre associada, pode indicar um quadro mais intenso ou infecções específicas. Esses sinais exigem avaliação clínica para definição da conduta e monitoramento do risco de complicação.

Como é feito o diagnóstico das DDAs

Avaliação clínica e histórico do paciente

O diagnóstico das doenças diarreicas agudas começa pela avaliação clínica do paciente, que considera a frequência das evacuações, a consistência das fezes, a presença de sintomas associados e o risco de desidratação.

O profissional também investiga histórico recente, como ingestão de alimentos suspeitos, contato com outras pessoas doentes ou ocorrência de surtos na comunidade, entre outros pontos.

Na maioria das vezes, não é necessária a realização de exames para quadros de DDAs.

Tratamento das doenças diarreicas agudas

O tratamento das doenças diarreicas agudas segue as diretrizes do Ministério da Saúde, que organiza o manejo clínico em três etapas: Plano A, Plano B e Plano C.

Tal classificação ajuda a definir a conduta conforme o estado de hidratação do paciente, desde casos leves, tratados no domicílio, até situações de desidratação grave que exigem hidratação venosa e atendimento imediato.

Plano A: cuidados em casa (casos sem desidratação)

Indicado quando o paciente está hidratado e consegue ingerir líquidos normalmente. As orientações incluem:

  • Aumento da ingestão de líquidos, principalmente após cada evacuação, incluindo solução de Sais de Reidratação Oral (SRO).
  • Manutenção da alimentação habitual e, no caso de criança, quando essa for amamentada, a continuidade do aleitamento materno.
  • Atenção aos sinais de alerta, retornando ao serviço de saúde se houver piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, sangue nas fezes, recusa alimentar ou diminuição da urina.
  • Higiene rigorosa de mãos, água e alimentos.

Plano B: reidratação supervisionada na unidade de saúde

Recomendado para pacientes com desidratação leve a moderada, mas capazes de ingerir líquidos.

  • Administração de SRO em pequenos volumes, com oferta gradual e contínua até desaparecerem os sinais de desidratação.
  • Reavaliação frequente pela equipe de saúde.
  • Retorno do paciente ao Plano A, em casa, após melhora.
  • Reforço das orientações sobre preparo da SRO, higiene e ingestão de líquidos.

Plano C: hidratação venosa (desidratação grave)

Indicado quando há sinais de desidratação grave, choque ou impossibilidade de ingerir líquidos.

  • Reposição endovenosa rápida e de manutenção no ambiente hospitalar.
  • Reavaliação clínica após duas horas para ajustar o esquema de hidratação.
  • Introdução da SRO por via oral, assim que o paciente tolerar, acelerando a recuperação.

A hidratação venosa é suspensa quando o paciente estiver hidratado e sem apresentar vômitos.

Uso de medicamentos: quando o antibiótico é indicado

A maior parte das DDAs não requer medicamentos específicos. O antibiótico deve ser indicado somente em situações específicas, como em casos de disenteria (fezes com sangue ou muco), acompanhados de comprometimento do estado geral.

Quando há suspeita de cólera com desidratação grave, medicamentos também podem ser receitados. Vale destacar que o uso inadequado de antibióticos pode trazer riscos, não sendo recomendado sem orientação médica.

Prevenção da diarreia e das DDAs

A prevenção das doenças diarreicas agudas depende de um conjunto de ações que envolvem tanto melhorias de saneamento básico quanto cuidados individuais no dia a dia. Medidas simples de higiene, bem como manuseio seguro de água e alimentos reduzem significativamente o risco de infecções gastrointestinais.

Higiene das mãos e dos alimentos

  • Lavar as mãos com água limpa e sabão antes de preparar ou consumir alimentos, após ir ao banheiro, ao voltar da rua, após tocar em animais e antes e depois de amamentar ou de trocar fraldas.
  • Higienizar superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação dos alimentos.
  • Proteger os alimentos e a cozinha contra insetos e animais, mantendo tudo armazenado em recipientes fechados.
  • Evitar o consumo de carnes, pescados e mariscos crus ou malcozidos e alimentos preparados fora de condições adequadas de higiene.

Água segura e saneamento

  • Usar somente água tratada para beber e cozinhar. A água pode ser filtrada e posteriormente fervida ou tratada com duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% por litro. É necessário aguardar 30 minutos antes de consumir.
  • Armazenar a água em recipientes limpos, tampados e de boca estreita para evitar recontaminação.
  • Não usar e ingerir água de riachos, poços ou rios sem tratamento, especialmente para ingestão.
  • Manter o lixo ensacado e tampado.
  • Usar vaso sanitário sempre que possível.

Cuidados especiais com crianças e idosos

Crianças pequenas e idosos têm maior risco de desidratação e complicação, tornando a prevenção ainda mais importante. Entre os cuidados essenciais, estão:

  • Manter aleitamento materno, o que aumenta a proteção contra diarreias na infância.
  • Redobrar a atenção à higiene das mãos de cuidadores.
  • Oferecer líquidos com frequência e observar sinais precoces de desidratação.

Quando a diarreia pode indicar outras doenças

Embora a maioria dos episódios de diarreia aguda seja causada por infecção, o sintoma também pode estar relacionado a condições não infecciosas. Nesses casos, o quadro tende a ser persistente ou recorrente e requer avaliação profissional.

Doenças crônicas do intestino (Crohn, câncer colorretal, colites)

Enfermidades como doença de Crohn, colites e alguns tumores intestinais podem causar episódios frequentes de diarreia, muitas vezes acompanhados de dor abdominal, sangue nas fezes ou perda de peso.

ATENÇÃO: A persistência dos sintomas é um alerta para investigação especializada.

Intolerância e alergia alimentar (glúten, lactose)

Intolerância à lactose, alergia ao glúten (como na doença celíaca) e outras reações alimentares podem provocar diarreia, distensão abdominal e desconforto após a ingestão dos alimentos desencadeantes.

Disbiose intestinal e alteração da microbiota

Desequilíbrio na microbiota intestinal, como ocorre após o uso de antibióticos ou em algumas doenças, pode alterar o funcionamento do intestino e levar a quadros de diarreia, gases e sensibilidade abdominal.

Como cuidar do intestino no dia a dia

Manter o intestino funcionando bem é uma estratégia fundamental para prevenir episódios de diarreia e melhorar a saúde digestiva como um todo. Pequenos hábitos diários fazem a diferença no equilíbrio do trato gastrointestinal.

Alimentação equilibrada e prato saudável

Uma rotina alimentar variada ajuda a regular o funcionamento intestinal. Inclua refeições balanceadas, com alimentos naturais e bem higienizados. Evite excesso de gorduras e produtos ultraprocessados, que podem irritar o intestino e favorecer alteração do hábito intestinal.

Saiba mais em um artigo completo:

Como montar um prato saudável e completo: Guia básico

Hidratação adequada

A ingestão regular de água é essencial para o bom funcionamento do intestino. A hidratação adequada favorece a formação das fezes e contribui para prevenir tanto a constipação quanto quadros de desidratação em episódios diarreicos.

Estilo de vida e saúde digestiva

Sono, atividade física e a preocupação com o consumo excessivo de álcool também fazem parte dos cuidados diários. Esses hábitos contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal e melhoram o bem-estar geral.

O Viver Bem preparou um artigo completo sobre saúde digestiva. Confira:

Saúde digestiva: 7 cuidados indispensáveis

FAQ: perguntas frequentes sobre diarreia e DDA

1. O que são doenças diarreicas agudas (DDAs)?

São infecções gastrointestinais caracterizadas por três ou mais episódios de fezes líquidas ou amolecidas em 24 horas, podendo durar até 14 dias e causar desidratação, especialmente em grupos vulneráveis.

2. Quantos episódios de diarreia por dia são considerados diarreia aguda?

Três ou mais evacuações líquidas ou amolecidas em 24 horas já caracterizam um quadro de diarreia aguda.

3. Quais são as principais causas de diarreia aguda?

Infecções por vírus, bactérias e parasitas, água ou alimentos contaminados.

4. Diarreia sempre é sinal de infecção intestinal?

Não. Pode ocorrer por medicamentos; intolerância; consumo de álcool, de adoçantes ou doenças crônicas do intestino.

5. Quais sintomas indicam que a diarreia requer avaliação?

Sangue nas fezes, vômitos repetidos, febre persistente, muita sede, redução da urina ou piora do quadro após dois dias.

6. Quando a diarreia exige ir imediatamente ao pronto atendimento?

Quando há sinais de desidratação, incapacidade de ingerir líquidos, vômito contínuo, sensação de desmaio ou queda da pressão ou piora rápida do estado geral.

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7. Diarreia em crianças e idosos é mais perigosa?

Sim. Esses grupos desidratam mais rápido e devem ser avaliados com urgência ao apresentar sinais de agravamento.

8. Quais são os sinais de desidratação em casos de diarreia?

Muita sede, boca seca, fraqueza, diminuição da urina, olhos encovados e piora do estado geral.

9. O que comer e beber quando estou com diarreia?

Aumente a ingestão de líquidos e mantenha a alimentação habitual, priorizando refeições leves. Se possível, faça uso de solução de reidratação oral.

10. Posso tomar remédio para cortar a diarreia por conta própria?

Não. A automedicação pode mascarar sintomas e agravar o quadro. O ideal é passar por avaliação profissional.

11. Diarreia com sangue é sempre sinal de algo grave?

É um sinal de alerta e deve ser avaliado rapidamente, pois pode indicar infecção invasiva ou outras doenças intestinais.

12. Por quanto tempo a diarreia aguda costuma durar?

Geralmente até 14 dias. Se ultrapassar esse período, pode indicar persistência ou outra condição intestinal.

13. O que fazer se a diarreia não melhorar em alguns dias?

Procure atendimento médico para avaliação, hidratação adequada e investigação de causas infecciosas ou não infecciosas.

14. Diarreia pode estar relacionada à doença celíaca ou intolerância à lactose?

Sim. Intolerância e alergia alimentar podem causar episódios de diarreia recorrente.

15. O que é gastroenterite aguda e qual a relação com DDA?

É a inflamação do trato gastrointestinal causada por infecção, sendo uma das principais responsáveis pelas DDAs.

16. O que é disbiose intestinal? Ela pode causar diarreia?

É o desequilíbrio da microbiota intestinal e pode levar a alterações do hábito intestinal, incluindo diarreia.

17. Como prevenir diarreia no dia a dia?

Lave as mãos, higienize alimentos, trate a água e evite alimentos crus ou malcozidos.

19. Quais cuidados ajudam a evitar surtos de doença diarreica?

Uso de água segura, higiene adequada dos alimentos, utensílios e das mãos, preparo correto de alimentos e descarte correto de resíduos.

20. Aleitamento materno ajuda a proteger contra diarreia em crianças?

Sim. O aleitamento materno fortalece a imunidade e reduz o risco de episódios diarreicos.

Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH
Conteúdo validado por Equipe de Atenção à Saúde Unimed-BH

Equipe responsável por prover conteúdos em soluções assistenciais para clientes, profissionais e prestadores da Unimed-BH, assim como para a sociedade como um todo.

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