Transtornos alimentares: conheça os principais e os sinais de alerta
03/09/2025
Problemas como anorexia, bulimia e compulsão afetam milhões de pessoas. Saiba identificar sinais de transtornos alimentares e como buscar ajuda.
5 min de leitura

Os transtornos alimentares são doenças de origem mental que causam alterações graves no comportamento alimentar e podem comprometer de forma significativa a saúde física e emocional de um indivíduo.
Não se trata de escolhas ou vaidades passageiras, mas de condições que exigem atenção profissional. Anorexia, bulimia e compulsão alimentar são os tipos mais conhecidos, mas há outros quadros que também merecem alerta.
Você vai conhecer, neste artigo do Viver Bem, o que são os transtornos alimentares, quais são os tipos mais comuns, os sintomas que exigem atenção e servem como sinal de alerta e como é feito o tratamento.
O que são transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares são causados por uma combinação de fatores biológicos, socioculturais e psicológicos, que influenciam o comportamento alimentar e a percepção da imagem corporal. Podem incluir tanto a restrição severa de alimentos quanto a compulsão frequente por grandes quantidades.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas sofram com algum tipo de transtorno alimentar ao redor do mundo. As mulheres são as mais afetadas, e a anorexia se destaca por ser a de maior incidência em um público mais jovem, da faixa etária de 12 a 17 anos.
Essas condições podem se manifestar de forma sutil no início, com pequenas mudanças nos hábitos alimentares, mas tendem a se agravar com o passar do tempo quando não são identificadas e tratados precocemente.
Além do impacto físico, como desnutrição ou ganho excessivo de peso, os transtornos alimentares costumam gerar grandes problemas na saúde mental do indivíduo, comprometendo também a vida social.
Aproveite para ler esses artigos do Viver Bem:
- 10 passos para iniciar uma alimentação saudável
- Perguntas e respostas sobre dieta e alimentação saudável
![]()
Principais transtornos alimentares
Os transtornos alimentares mais conhecidos costumam estar associados a comportamentos extremos, relacionados à alimentação, ao peso e à imagem corporal.
Embora compartilhem algumas características em comum, cada um apresenta sinais, riscos e consequências diferentes. Conheça os principais tipos:
Anorexia nervosa
É marcada por um medo intenso e persistente de engordar, mesmo quando a pessoa já está significativamente abaixo do peso. Esse medo leva à restrição severa de alimentos, jejuns prolongados, prática excessiva de exercícios físicos e, em alguns casos, uso de medicamentos para emagrecer.
Um dos sinais mais preocupantes é a distorção da imagem corporal: o indivíduo se vê acima do peso, ainda que esteja magro ou até mesmo desnutrido.
Bulimia nervosa
A bulimia nervosa é marcada por episódios recorrentes de compulsão alimentar, nos quais a pessoa consome grandes quantidades de comida rapidamente.
Em seguida, surge a culpa e a tentativa de “compensar” o que foi ingerido por meio de comportamentos diversos: indução de vômito, uso de laxantes, diuréticos ou excesso de exercícios. Muitas vezes, o corpo aparenta estar dentro do peso ideal, o que dificulta a identificação do problema.
Transtorno de compulsão alimentar
Em contrapartida da bulimia, a compulsão alimentar não é seguida por comportamentos compensatórios. A pessoa sente perda de controle sobre a quantidade de comida ingerida, mesmo sem fome.
Por consequência, o indivíduo pode ganhar peso progressivo e sofrer com obesidade e sentimentos de culpa ou vergonha. É um dos transtornos alimentares mais comuns e muitas vezes está ligado a questões emocionais como estresse e ansiedade.
Outros distúrbios alimentares
Além dos transtornos mais conhecidos, existem outros quadros que merecem atenção, especialmente quando causam prejuízos à saúde física, emocional ou ao convívio social. São alguns deles:
- Ortorexia: nele, a pessoa tem uma obsessão por comer de forma considerada “pura” ou extremamente saudável. A pessoa evita grupos inteiros de alimentos por julgá-los “impróprios” ou “tóxicos”, o que pode levar à desnutrição, ao isolamento social e ao sofrimento psicológico.
- Vigorexia: também chamada de “transtorno dismórfico muscular”, é caracterizada por preocupação exagerada com o corpo musculoso. A pessoa passa horas na academia, segue dietas extremamente restritivas e tem uma autoimagem distorcida, achando-se sempre fraca ou pequena, embora tenha um corpo forte e definido.
- TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo): mais comum em crianças, esse distúrbio envolve a recusa persistente de certos alimentos com base em características sensoriais, como textura, cor ou cheiro. Pode comprometer o crescimento, o desenvolvimento e o consumo de nutrientes essenciais.
- Ruminação: consiste em regurgitar alimentos recentemente ingeridos para remastigá-los e, em alguns casos, engolir novamente ou cuspir. Tal comportamento é involuntário e pode ocorrer várias vezes ao dia, levando a complicações gastrointestinais, desnutrição e constrangimento social.
Leia mais: Dietas da moda: por que devemos fugir delas?
Sintomas e sinais de alerta
Os sinais de um transtorno alimentar podem variar conforme o tipo, mas existem comportamentos que costumam surgir em diferentes quadros e que devem acender um sinal de alerta, tanto no paciente quanto nas pessoas à sua volta.
Muitas vezes, os sintomas são sutis no início, mas se tornam mais evidentes com o tempo. Por isso, a atenção de familiares, amigos e professores é fundamental para identificar o problema e buscar ajuda o quanto antes.
- Mudanças significativas no peso, seja perda, seja ganho, sem explicação aparente.
- Mudanças de humor, irritabilidade e isolamento social, especialmente em horários de refeição.
- Hábito de comer escondido ou recusar-se a se alimentar em público.
- Preocupação excessiva com calorias, peso, espelho ou balança.
- Práticas compensatórias, como provocação de vômito, uso de laxantes e jejuns prolongados.
- Distorção da própria imagem corporal, mesmo diante de peso saudável ou abaixo do ideal.
Caso esses sinais sejam percebidos com frequência, é muito importante procurar ajuda profissional, assim que possível.
Transtornos alimentares na adolescência
A adolescência é um período de intensas mudanças físicas, emocionais e sociais, sendo uma fase vulnerável ao surgimento de transtornos alimentares. Nesse momento da vida, a autoestima ainda está em formação, e o desejo de aceitação social pode levar a comportamentos extremos em relação ao corpo e à alimentação.
As meninas são mais afetadas, mas os meninos também podem desenvolvê-los, ainda que muitas vezes não sejam diagnosticados com a mesma frequência. Entre os fatores de risco, estão a pressão estética, o bullying, a influência das redes sociais e os transtornos emocionais como ansiedade e depressão.
De acordo com um estudo publicado no JAMA Pediatrics e divulgado pela CAPES, mais de 20% dos jovens entre 6 e 18 anos apresentam sinais de algum tipo de transtorno. Esse dado reforça a importância de um olhar atento da família, da escola e da rede de apoio para identificar comportamentos preocupantes o quanto antes.
O papel da saúde mental
Transtornos alimentares não estão ligados apenas ao ato de comer, mas têm origem em questões emocionais profundas. Problemas como baixa autoestima, ansiedade, depressão, traumas e dificuldades na relação com o próprio corpo são frequentemente identificados em pessoas com distúrbios alimentares.
A imagem corporal distorcida, isto é, quando a pessoa se vê de forma diferente da realidade, é um fator comum, principalmente em quadros como anorexia e bulimia. Outro fator a considerar: a busca por controle, perfeição e aceitação social pode funcionar como um gatilho emocional.
Por isso, cuidar da saúde mental é essencial tanto na prevenção quanto no tratamento desses transtornos. O acompanhamento profissional ajuda a identificar pensamentos prejudiciais e a reconstruir uma relação mais equilibrada com a comida e com o corpo.
E-book gratuito sobre saúde mental: ACESSE AGORA
Como é o tratamento para transtornos alimentares?
O tratamento para transtornos alimentares deve ser multidisciplinar, ou seja, envolver uma equipe de profissionais especializados. Psicólogos e psiquiatras são fundamentais para lidar com os fatores emocionais, enquanto nutricionistas ajudam na reeducação alimentar e no restabelecimento do equilíbrio nutricional.
Em alguns casos, também pode ser necessário o uso de medicamentos para tratar sintomas associados, como depressão, ansiedade ou compulsões. A rede de apoio é fundamental e têm papel crucial no tratamento.
Continue lendo: Nutrólogo ou nutricionista: quando buscar cada profissional?
FAQ: Transtornos alimentares
1. O que é um transtorno alimentar?
Doença mental que altera o comportamento alimentar e a imagem corporal.
2. Como saber se tenho um transtorno alimentar?
Mudanças bruscas na alimentação, obsessão com o peso e sentimento de culpa após comer são sinais de alerta.
3. Transtornos alimentares têm cura?
Sim, com tratamento adequado e apoio multiprofissional.
4. Quais os tipos mais comuns?
Anorexia, bulimia e compulsão alimentar são os mais conhecidos.
5. O que fazer ao identificar um transtorno?
Procurar ajuda especializada e seguir à risca o tratamento, além de contar com a rede de apoio.